Dois
* Por
Flora Figueiredo
Dois:
a procurar nossas fragrâncias
entre sombras e reentrâncias,
a percorrer nossos roteiros,
a nos tornarmos parceiros.
Dois:
de repente nos engajamos
irremediavelmente
numa conduta lisa e calma,
engolindo do outro a própria alma
e nos mixamos.
Pra que depois
fundidos e misturados,
células e sangues consumidos
rolemos nossos núcleos confundidos
numa corrente mágica e comum.
Absorventes,
antropofágicos,
um.
a procurar nossas fragrâncias
entre sombras e reentrâncias,
a percorrer nossos roteiros,
a nos tornarmos parceiros.
Dois:
de repente nos engajamos
irremediavelmente
numa conduta lisa e calma,
engolindo do outro a própria alma
e nos mixamos.
Pra que depois
fundidos e misturados,
células e sangues consumidos
rolemos nossos núcleos confundidos
numa corrente mágica e comum.
Absorventes,
antropofágicos,
um.
in Florescência, 1987
*
Poetisa,
cronista, compositora e tradutora, autora de “O trem que traz a
noite”, “Chão de vento”, “Calçada de verão”, “Limão
Rosa”, “Amor a céu aberto” e “Florescência”; rima, ritmo
e bom-humor são características da sua poesia. Deixa evidente sua
intimidade com o mundo, abraçando o cotidiano com vitalidade e graça
- às vezes romântica, às vezes irreverente e turbulenta. Sempre
dentro de uma linguagem concisa e simples, plena de sutileza verbal,
seus poemas são como um mergulho profundo nas águas da vida.
Nenhum comentário:
Postar um comentário