segunda-feira, 22 de maio de 2017

Poderia ser Outono


* Por Péricles Prade


Muito além da flauta amarga,
sobre o ventre
defunto,
a cor dos cravos brilha.

No velório
a música é medula
do silêncio
anterior ao incêndio provocado
pelo beijo no sexo da amada.

Com o bico torto
um pássaro-ginete
entre florestas de espinhos conduz
os anéis dos noivos separados.

Separados,
porque não é outono
neste Castelo de Gelo.
 


* Poeta, contista e crítico de arte. Publicou os livros de poemas Nos limites do fogo (1976), Os faróis invisíveis (1980) e Sob a faca giratória (2010), entre outros. Os poemas aqui publicados pertencem ao livro inédito Casa de máscaras. Vive em Florianópolis (SC).  

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