No
morro
* Por
Assionara Souza
a
paz é triste
atônita
surdez
depois
do seco estampido
passos
curtos e cambaios
a
mãe recolhe do varal
a
roupa que o menino
não
vai mais vestir
não
estivesse ela aquela hora
limpando
a festa suja na casa que não é sua
longe
de sua vida real e do seu menino adorado
teria
gritado: — vem pra casa, filho!
tem
polícia no morro!
céu
azul de abril
guarda
desde sempre
este
fatídico e recorrente encontro
entre
a cabeça do menino
e
o projétil fatal do assassino fardado
*
Escritora
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