Querido diário...
* Por
Eduardo Oliveira Freire
Resolvi fazê-lo porque
estou desesperada com minha vida caótica. Então, tento colocar minhas ideias em
ordem e me entender como indivíduo. Sigo o conselho do meu saudoso
psicanalista, que foi hipnotizado pela minha mãe-bruxa-secular para ser escravo
sexual. Coitado, para se livrar dela, jogou-se de um viaduto.
Bem, meu amigo, minha
família é repleta de criaturas mágicas. Meu pai é um vampiro que sempre matou
meus namorados e ele tem um hábito horrível de roubar minhas roupas. Quer ser
eu e isso o angustia. Por isso, qualquer homem que se aproxima de mim, meu pai
o deseja e o mata. Além do mais, pedi para minha mãe lançar um feitiço para
proteger meu armário. Estava ficando sem roupa.
Meu irmão é um
lobisomem e meio alienígena. Como já disse, mamãe é uma bruxa ninfomaníaca. Ela
aprisiona todas as espécies de machos para serem servos sexuais. O mano é um
cara bacana, mas quando fica bravo, mata povoados inteiros.
Sou a única normal da
família e triste por não ter nenhum amigo ou namorado. Fugi de casa e uma comunidade
religiosa me acolheu. Eles me consideram muito especial e até faço parte do
coro da igreja.
O guia espiritual me
disse que preciso perdoar. Então, resolvi passar o natal com minha família, já
que é uma época de solidariedade e perdão.
Só não levarei meu
noivo por precaução. Será que estou sendo rancorosa, meu querido diário? Desejo
tanto desnudar minha alma e perdoar minha família!!!
***
Ah, meu amigo, quero
lhe mostrar um poema antigo que escrevi e que minha professora de literatura me
falou que era muito profundo e intenso. Coitada, ela foi assassinada pelo meu
irmão, porque não quis ficar com ele.
Sou menina travessa
Mas, quando quero sou
mulher sensual
Porém, posso ser fera
faminta
Logo, menina-travessa-mulher-sensual-fera-faminta
E aí? Será que sou uma poetisa, querido diário?
*
Formado em Ciências Sociais, especialização em Jornalismo cultural e aspirante
a escritor - http://cronicas-ideias.blogspot.com.br/
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