sexta-feira, 13 de janeiro de 2017

Pílulas literárias 248


* Por Eduardo Oliveira Freire


INFORMANTE

Todos se perguntavam como o jornalista-fofoqueiro conseguia informações quentíssimas das celebridades. Sempre publicava notas exclusivas. Sua fonte principal era a lua que espiava por milênios o cotidiano dos famosos. Depois, contava-lhe tudo.

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FIM DO MUNDO

Ao ver o resultado de gravidez, percebeu que sua vida mudaria completamente. Era o fim de um mundo conhecido, para um outro novo e misterioso. Experimentou sensações diversas. Depois de se acalmar, foi ver se passou no último ano da escola.

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MÚSICA

Bela música. Faça-me esquecer do calor e de minhas tolices. Melhor, faça-me esquecer de mim.

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LUZES

Às vezes se sentia confuso. Seus olhos se irritavam com tanta iluminação e seu cérebro não conseguia processar o turbilhão de informações. Então, quando chegava à sua casa, ficava na escuridão. Ela o iluminava.

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SEREIA

Sempre desconfiei que minha mãe fosse uma sereia. Passava horas a olhar uma foto de mar e ler uma crônica de Clarice Lispector: As águas do mar. Morávamos numa cidade que não tinha praia. Quando chorava, ela lambia minhas lágrimas e dizia que tinha gosto do mar. Um dia, viajamos para conhecê-lo. Ela desapareceu nas profundezas. Em sonhos, vejo-a a flutuar no fundo do oceano e seu olhar me diz que está bem.

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INVASÃO

Quando as ideias do tio ficam emboladas, aparece um monte de gente estranha. Então, minha avó pega a vassoura e manda todo mundo voltar para o lugar de origem. Na cabeça do tio.

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* Formado em Ciências Sociais, especialização em Jornalismo cultural e aspirante a escritor - http://cronicas-ideias.blogspot.com.br/



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