segunda-feira, 2 de janeiro de 2017

Permita-se


* Por Núbia Araujo Nonato do Amaral


Já perdi a conta de quantas vezes olho á minha volta. Percebo-me, hoje, mais conformada, afinal, tudo passa. O futuro se revela em doses homeopáticas. A cada despertar, não planejo, mas alimento sonhos.

Não que eu queira ir a Marte, mas enterrar sonhos é triste demais. Namoro as estrelas com a mesma intensidade de quem procura joaninhas, tão raras.

Busco nas nuvens formas aleatórias com o mesmo olhar de menina que ás vezes me escapole. Aprendi a ler nas entrelinhas, então, cuidado com o que dizes.

Se sou uma bruxa? Uma feiticeira? Uma fada? Nada disso, apenas pego pelo rabo aquilo que deixas escapar e transmuto, transformo, interpreto, ouso e como uma alquimia de bolso, zás! Eis-me aqui a transbordar enquanto outros viciaram-se em sufocar.

Permita-se.

* Poetisa, contista, cronista e colunista do Literário


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