sábado, 7 de janeiro de 2017

Acerca das chuvas II


* Por Wilson Freire


“Mas o lindo pra mim é céu cinzento,
Com clarão entoando o seu refrão,
Prenúncio que vem trazendo alento,
Da chegada da chuva no sertão”.
(Gonzaguinha)


Lá, quando o céu fica da cor de chumbo e o vento vem varrendo, a gente diz que tá "bonito pra chover". Aqui, que é mau tempo. Lá, as águas são saudadas com festa de meninos correndo nas ruas. Tomar "banho de chuva", ficar debaixo da bica da igreja que, de tão forte, bate no quengo e deixa tonto. Lá, faz-se novena a São José (dia 19 de março), pedindo pra que ela venha, muita, forte. Aqui para que ela não venha que já tem água demais. E por vai uma ruma de diferenças acerca das chuvas entre lá e cá.

No ano de 2009, compus as letras e músicas de um  CD, "CANÇÕES DO MILHO”, com arranjos de Cláudio Almeida e interpretado por Sevy Nascimento (à venda na Passadisco Parnamirim), em que eu recito um poema chamado Gênese. Meu ponto de vista sobre as chuvas:

“O mormaço nunca o vi.
Só o sinto como agora.
Diz a ciência que é
gota d`água que evapora
que se transforma em nuvem
e como chuva ela chora.

A chuva afaga o lajedo
até deixá-lo macio.
Depois corre barulhenta,
é correnteza no cio.
Quando se entrega ao riacho
engravida e pare um rio.

O rio então se desgarra
mundo afora  inundar
vazantes, roças, barragens,
até um dia encontrar
cova de água salgada
aonde vai se enterrar”.

Aí, a fartura dá no meio da canela!

* Médico, compositor, escritor, cineasta, diretor da Candiero Produções Audiovisuais.


Nenhum comentário:

Postar um comentário