sexta-feira, 13 de janeiro de 2017

A margem oposta


* Por Alberto Cohen


Já eras quase chegada e o quase de tua chegada
não me deixava partir.
O sol gritava meu nome, e o vento num assobio
falava de um novo tempo no outro lado do rio,
tempo bom de colher flores, tempo de enxergar as cores,
mas eras quase chegada e o quase de tua chegada
não me deixava partir.
Mãos acenavam promessas de carinhos inventados,
aniversários guardados no outro lado do rio,
onde o tempo dormitava, placidamente vadio,
mas eras quase chegada e o quase de tua chegada
não me deixava partir.
Devagar o muito perto se foi tornando arredio,
o tempo, sobressaltado, vestiu de cinza e vazio
as flores, cores, promessas, no outro lado do rio,
pois eras quase chegada e o quase de tua chegada
não me deixara partir.


 * Poeta paraense.


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