Quadras
* Por
Pedro Rabelo
Do escuro norte, ave prófuga,
Fugiste em busca do sul...
Mas todo o espaço hoje é límpido,
E é todo o espaço hoje azul.
Vem, que hoje o sol doira as árvores
E doira os campos em flor...
Terás a carícia intérmina
Do meu intérmino amor.
Dá que me envolvam teus lúcidos
Olhos, num lúcido olhar,
Qual me envolvera uma esplêndida
Auréola feita do luar...
Vem! A tua face puríssima
Seja-me sempre louçã,
Tanto ao tombar do crepúsculo,
Como ao romper da manhã...
Dá que em teus lábios eu, sôfrego,
Sorva esse olor que eles têm,
Comoum beduíno a um cântaro
Sorve o líquido também...
Vem! Que te importa que inóspita
Seja a existência depois...
Doce embora, embora aspérrima,
Vivê-la-emos nós dois!
*
Jornalista, contista e poeta, membro da
Academia Brasileira de Letras.
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