sábado, 9 de julho de 2016

Foto: Clóvis Campêlo

É sal, é sol, é Zona Sul!


* Por Clóvis Campêlo


É sal, é sol, é zona sul! Salve os dias de domingo na terra dos altos coqueiros! Salve o soberbo estendal! Salve as linhas tortas da Natureza e os ângulos retos da arquitetura do Homem.

Salve o azul da zona sul, local onde cabem todas as cores.

No domingo, aliás, todos os caminhos levam à praia, espaço democrático e popular onde o lazer impera. Domingo é sempre dia de lazer, de grandes caminhadas. Dia de legítimas pedaladas, a bicicleta servindo de meio de transporte para a diversão ou para o trabalho. Nada de impedimentos.

O Recife, espremido entre Olinda e Jaboatão dos Guararapes, possuí apenas as praias do Pina e Boa Viagem, e de lambuja, a pequena praia do Buraco da Velha, pequeno paraíso no final do bairro de Brasília Teimosa. Nessa faixa de areia estreita e comprida, aporta o povo da cidade maurícia em busca da luz do sol e do prazer de estar em contato direto com fatores produtores de endorfinas e serotoninas, da melanina e do bronzeado.

Sobreviventes às influências conservadoras de portugueses e ingleses, os donos dos grilhões que nos forjaram, talvez tenhamos sido salvos pela proximidade do mar. Na praia, onde nenhuma nudez deverá ser castigada, despojamo-nos dos ranços introspectivos e nos transformamos em seres do sal e do sul, uma nova escultura cultural feita sem ódios e sem medos. Na praia, só nos resta sermos livres. Com a graça de Deus.

E se o mar nos refresca por fora, em banhos transcendentais de sódio e iodo, os coqueiros nossos de cada dia nos fornecem o potássio da água de coco para nos recompor os líquidos e os humores. Somos felizes. Sejamos felizes sob a linha do equador, onde não existe pecado.

O Recife, que já foi uma cidade pequena e decente, hoje, sob o calor ardente das suas praias, transformou-se numa metrópole moderna e cosmopolita, onde a tradição mistura-se com a contemporaneidade.

Para mim, felicidade é estar nesse ambiente iluminado e azul, construído e abençoado por Deus e, em parte, pelos sonhos nem sempre justos dos homens. E que a felicidade aqui não tenha fim, como na canção do poeta. Enquanto houver mar, sol e azul, só nos restará viver a vida com prazer.

Se duvidares disso, caia na estrada e perigas ver!

Recife, julho 2016

* Poeta, jornalista e radialista.


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