Solano Blurp
* Por Núbia Araújo Nonato do Amaral
Num dia úmido, daqueles de chuvinha fina, nasceu no brejo Solano, filho de pai desconhecido, já que sua genitora, era uma perereca ousada.
Apesar da vida precária, Solano foi educado pelos melhores preceptores das adjacências; sua mãe não media esforços para torná-lo um cidadão culto e de sucesso.
Enfurnado entre os maiores clássicos da Literatura ele cresceu, até descobrir que tinha o dom da oratória. Mais uma vez, ela saiu em campo na busca de parcerias para deslanchar a carreira artística de seu querido e talentoso rebento.
Dona perereca, com sua fonte inesgotável de artifícios, logrou sucesso pela campanha em prol da trajetória de seu filho; seu marketing era poderoso, e assim o grande orador despontou para a fama.
Solano era uma figura imponente, por onde passava as ruas se abriam e a horda lhe dava passagem. Parava no meio de sua caminhada e solenemente, entre um sonoro arroto e outro, recitava Camões.
Voltava para seu reduto ovacionado pela plebe. Descansava sua beleza, revigorava o viço da pele e mais uma vez saía para o delírio de seus fãs. Limpava a garganta sem cerimônias e as Ilíadas de Homero caiam como pétalas de rosas.
Aplausos ensurdecedores espocavam por todos os cantos, enquanto Solano retirava-se soltando compridos arrotos. O que ninguém sabia era que aquele talentoso arauto da Literatura era alérgico aos clássicos e que, na surdina, devorava os poetas malditos e vibrava com Nélson Rodrigues.
* Poetisa, contista, cronista e colunista do Literário
* Por Núbia Araújo Nonato do Amaral
Num dia úmido, daqueles de chuvinha fina, nasceu no brejo Solano, filho de pai desconhecido, já que sua genitora, era uma perereca ousada.
Apesar da vida precária, Solano foi educado pelos melhores preceptores das adjacências; sua mãe não media esforços para torná-lo um cidadão culto e de sucesso.
Enfurnado entre os maiores clássicos da Literatura ele cresceu, até descobrir que tinha o dom da oratória. Mais uma vez, ela saiu em campo na busca de parcerias para deslanchar a carreira artística de seu querido e talentoso rebento.
Dona perereca, com sua fonte inesgotável de artifícios, logrou sucesso pela campanha em prol da trajetória de seu filho; seu marketing era poderoso, e assim o grande orador despontou para a fama.
Solano era uma figura imponente, por onde passava as ruas se abriam e a horda lhe dava passagem. Parava no meio de sua caminhada e solenemente, entre um sonoro arroto e outro, recitava Camões.
Voltava para seu reduto ovacionado pela plebe. Descansava sua beleza, revigorava o viço da pele e mais uma vez saía para o delírio de seus fãs. Limpava a garganta sem cerimônias e as Ilíadas de Homero caiam como pétalas de rosas.
Aplausos ensurdecedores espocavam por todos os cantos, enquanto Solano retirava-se soltando compridos arrotos. O que ninguém sabia era que aquele talentoso arauto da Literatura era alérgico aos clássicos e que, na surdina, devorava os poetas malditos e vibrava com Nélson Rodrigues.
* Poetisa, contista, cronista e colunista do Literário
Há a pessoa para consumo externo e o outro. Pelo visto, o que fica escondido pode ser mais excitante. A você, pode parecer que não, mas a mim o final foi de surpresa total.
ResponderExcluirObrigada Mara pela gentileza
ResponderExcluirem comentar.
Abraços
Adorei, Nubia, muito criativo! Beijos!
ResponderExcluirSempre gosto de te ler. O personagem "Solano Blurp", com seus arrotos, me lembrou do Belizário personagem do livro do Jô "Assassinatos na Academia Brasileira de Letras". Pigarreava para clarear a voz...rsrs
ResponderExcluirParabéns, poetamiga!
Beijos!
Doce Sayonara.
ResponderExcluirMeu querido Zé.
Obrigado pela cumplicidade.
Beijos