Recriando
* Por Evelyne Furtado
O poeta não inventou a relva; ele deu cor e nova textura a ela. O céu, até onde sei, não é uma criação poética; o poeta deu ao céu sentidos outros. Do mar que ora aproxima, ora afasta, digo o mesmo.
Nem a palavra, o poeta criou, o poeta a usa como bem ou não quer. O poeta não confeccionou cheiro, nem perfume de flor. O poeta não inventou o amor. Nem eu, nem eu, nem eu.
Ao poeta cabe transformar e não criar. Mesmo o texto rubricado como ficcional é baseada na vida ou na arte que a imita. Ninguém cria a partir do nada.
Poetas juntam fatos, vestem sentimentos, brincam com o passado e com o futuro. Poetas são empáticos. Colocam-se na pele de outras pessoas. Idealizam com fundamento em experiências anteriores. Lembram, sentem e projetam sentimentos. Reduzem ou amplificam algo experimentado ou observado.
Poetas desejam outra vez o já desejado e nunca o que não foi um dia aspirado. O poeta se diz fingidor de uma dor que deveras sente. O poeta confunde e, com as mais melhores intenções, mente, Mentiras sinceramente poéticas.
• Poetisa e cronista de Natal/RN
* Por Evelyne Furtado
O poeta não inventou a relva; ele deu cor e nova textura a ela. O céu, até onde sei, não é uma criação poética; o poeta deu ao céu sentidos outros. Do mar que ora aproxima, ora afasta, digo o mesmo.
Nem a palavra, o poeta criou, o poeta a usa como bem ou não quer. O poeta não confeccionou cheiro, nem perfume de flor. O poeta não inventou o amor. Nem eu, nem eu, nem eu.
Ao poeta cabe transformar e não criar. Mesmo o texto rubricado como ficcional é baseada na vida ou na arte que a imita. Ninguém cria a partir do nada.
Poetas juntam fatos, vestem sentimentos, brincam com o passado e com o futuro. Poetas são empáticos. Colocam-se na pele de outras pessoas. Idealizam com fundamento em experiências anteriores. Lembram, sentem e projetam sentimentos. Reduzem ou amplificam algo experimentado ou observado.
Poetas desejam outra vez o já desejado e nunca o que não foi um dia aspirado. O poeta se diz fingidor de uma dor que deveras sente. O poeta confunde e, com as mais melhores intenções, mente, Mentiras sinceramente poéticas.
• Poetisa e cronista de Natal/RN
Como disse Gilberto Gil lá no começo dos anos 80: "Por isso não se meta a exigir do poeta que determine o conteúdo em sua lata. Na lata do poeta tudo nada cabe, pois ao poeta cabe fazer com que na lata venha a caber o incabível". Muito bom, Evelyne. Um beijo pra você.
ResponderExcluirEu tenho para mim que poetas
ResponderExcluirsão semeadores.
Espalham sementes que brotam
por teimosia ou persistência.
Abraços Evelyne
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirFinalmente Evelyne cita dois versos da primeira estrofe do poema "Autopsicografia" de Fernando Pessoa:
ResponderExcluir"O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente."
Abração, poetamiga!
Uma releitura com acréscimos de versos consagrados. É como ver um remake de um filme ou novela. Sabemos que já lemos isso, mas onde foi?
ResponderExcluirPoetas sopram nos meus ouvidos em sotaques distintos. Aqui fui de Fernando Pessoa, mas Caymmi, também me inspirou. Obrigada, Marcelo, Núbia,José Calvino e Mara. Beijos.
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