O drops
* Por Gustavo do Carmo
Marilene sentia-se infeliz e obesa. Estava desempregada e sem dinheiro. As amigas não a procuravam há anos. O jovem por quem se apaixonara havia acabado de se casar com a sua desafeta. E ainda era virgem.
Um dia, no auge do seu desespero, tentou se matar. Mas, antes de encontrar o revólver, achou uma velha bala na gaveta. Não a munição da arma e sim a guloseima. Era um drops, na verdade.
Chupou. Começou a flutuar, como um antigo comercial deste drops, em que um casal o colocava na boca e saía de um restaurante voando para comer no terraço . Marilene já planava pela sua casa, pela rua, pelo bairro, pela cidade.
Sentia, de longe, a inveja das ex-amigas e do ex-amado ao verem Marilene voar levemente como um pássaro sem rumo ou um avião sem problema de tráfego. Até que uma andorinha pousou sobre suas costas e lhe deu uma bicada.
Marilene acordou para a realidade. Estava na UTI de um hospital público, com as duas pernas, os dois braços e a clavícula fraturados. Continuava desempregada, pobre, infeliz, infantil e obesa. Pelo menos o drops era light.
* Jornalista e publicitário de formação e escritor de coração. Publicou o romance “Notícias que Marcam” pela Giz Editorial (de São Paulo-SP) e a coletânea “Indecisos - Entre outros contos” pela Editora Multifoco/Selo Redondezas - RJ. Seu blog, “Tudo cultural” - www.tudocultural.blogspot.com é bastante freqüentado por leitores
* Por Gustavo do Carmo
Marilene sentia-se infeliz e obesa. Estava desempregada e sem dinheiro. As amigas não a procuravam há anos. O jovem por quem se apaixonara havia acabado de se casar com a sua desafeta. E ainda era virgem.
Um dia, no auge do seu desespero, tentou se matar. Mas, antes de encontrar o revólver, achou uma velha bala na gaveta. Não a munição da arma e sim a guloseima. Era um drops, na verdade.
Chupou. Começou a flutuar, como um antigo comercial deste drops, em que um casal o colocava na boca e saía de um restaurante voando para comer no terraço . Marilene já planava pela sua casa, pela rua, pelo bairro, pela cidade.
Sentia, de longe, a inveja das ex-amigas e do ex-amado ao verem Marilene voar levemente como um pássaro sem rumo ou um avião sem problema de tráfego. Até que uma andorinha pousou sobre suas costas e lhe deu uma bicada.
Marilene acordou para a realidade. Estava na UTI de um hospital público, com as duas pernas, os dois braços e a clavícula fraturados. Continuava desempregada, pobre, infeliz, infantil e obesa. Pelo menos o drops era light.
* Jornalista e publicitário de formação e escritor de coração. Publicou o romance “Notícias que Marcam” pela Giz Editorial (de São Paulo-SP) e a coletânea “Indecisos - Entre outros contos” pela Editora Multifoco/Selo Redondezas - RJ. Seu blog, “Tudo cultural” - www.tudocultural.blogspot.com é bastante freqüentado por leitores
Só você mesmo , Gustavo.
ResponderExcluirÈ aquele negócio : Nada é tão ruim, que não possa ficar pior....
Gostei.
Maldade e cinismo - ingredientes explosivos para uma história e tanto. Há algo de corrosivo que me agrada, um sadismo sadio contra coitadinhos que não se cansam de pedir misericórdia. Chibata neles! E parabéns.
ResponderExcluirO drops poderia ter sido um instrumento de prazer nessa vida vazia. Pena que acabou em atropelamento. O texto curto nos disse muito mais do que aparenta. Muito bem!
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