Aposta no horror
Caríssimos leitores, boa tarde. Espero que vocês gostem do menu que lhes preparamos hoje, caracterizado, basicamente, pela sensibilidade e delicadeza de Evelyne Furtado, Risomar Fasanaro e Laís de Castro, além da poesia marcante e profunda de Talis Andrade. E, claro, da sempre excelente crônica de Cacá Mendes. Esse é o tipo de leitura que aprecio: sensível, humana, construtiva e bela.
Não que fuja de histórias em que o horror, a perfídia, as taras, vícios e violências prevaleçam. Afinal, assim é o mundo. Assim é este animal que pensa, misto de fera e de divindade. Tentar ignorar essa realidade é alienar-se e, se quem agir assim for escritor, alienar os leitores. Foi, certamente, o que Edgar Allan Poe teve em mente ao criar o que se convencionou chamar de “literatura do terror”.
E esse tipo de assunto, trazendo à cena vampiros, lobisomens, zumbis, monstros os mais disformes e aterrorizantes e extraterrestres com as mais variadas feições, ou seja, que existem, apenas, no fertilíssimo imaginário popular, rende dividendos, e muitos. Basta observar a relação dos livros de ficção mais vendidos, elaborada pela revista Veja (e que reproduzimos, todos os domingos, na coluna “Estante”, aqui do Literário).
A liderança, e já por várias semanas, é da escritora Stephenie Meyer, com a saga do vampiro que criou. Seu livro “Amanhecer” está, nesta semana, mais uma vez, no topo da relação dos mais vendidos no País. E o fenômeno é mundial.
Essa escritora vem vendendo milhões e milhões de exemplares, mundo afora. E não apenas desse romance, mas também do “Lua Nova” (3° colocado no ranking elaborado pela Veja), “Crepúsculo” (na 4ª colocação, mas que, certamente, vai recuperar a liderança, agora que foi lançado o filme baseado nesse livro) e “Eclipse” (que segue os outros três de muito perto e está em 5° lugar).
Não é fácil apostar no horror e, ainda assim, escrever com verossimilhança e ponderação. Méritos totais, portanto, para Stephanie e outros tantos que seguem essa linha. Leio, também, esse tipo de livro, dificílimo de escrever (muito mais difícil do que o leigo possa imaginar), embora esteja a milhões de anos-luz de distância da minha leitura predileta.
Gosto de textos que exaltam a vida e suas contradições. Amo a poesia, a beleza, a bondade e a sensibilidade. Sou idealista (figura, hoje em dia, depreciada e incompreendida, tida e havida como tresloucada sonhadora). Estou disposto a beber, por mais amargo que seja, o conteúdo inteiro do cálice da vida, até a derradeira gota.
Se a aposta no horror é um desafio (e creiam, é mesmo), a que é feita por (poucos) escritores nesta temática que envolve sensibilidade e grandeza, poesia e beleza, é muito mais. Há o permanente e sempre iminente risco de se resvalar para a pieguice e o texto “água com açúcar”.
Há, claro, escritores competentes, que desafiam essa areia movediça literária, e se dão bem. Por isso, valorizo-os mais e por duplo motivo: por ser a linha de raciocínio que me fascina e engrandece e pelas enormes dificuldades de se apostar no positivo com credibilidade, competência e criatividade.
Boa leitura.
O Editor.
Caríssimos leitores, boa tarde. Espero que vocês gostem do menu que lhes preparamos hoje, caracterizado, basicamente, pela sensibilidade e delicadeza de Evelyne Furtado, Risomar Fasanaro e Laís de Castro, além da poesia marcante e profunda de Talis Andrade. E, claro, da sempre excelente crônica de Cacá Mendes. Esse é o tipo de leitura que aprecio: sensível, humana, construtiva e bela.
Não que fuja de histórias em que o horror, a perfídia, as taras, vícios e violências prevaleçam. Afinal, assim é o mundo. Assim é este animal que pensa, misto de fera e de divindade. Tentar ignorar essa realidade é alienar-se e, se quem agir assim for escritor, alienar os leitores. Foi, certamente, o que Edgar Allan Poe teve em mente ao criar o que se convencionou chamar de “literatura do terror”.
E esse tipo de assunto, trazendo à cena vampiros, lobisomens, zumbis, monstros os mais disformes e aterrorizantes e extraterrestres com as mais variadas feições, ou seja, que existem, apenas, no fertilíssimo imaginário popular, rende dividendos, e muitos. Basta observar a relação dos livros de ficção mais vendidos, elaborada pela revista Veja (e que reproduzimos, todos os domingos, na coluna “Estante”, aqui do Literário).
A liderança, e já por várias semanas, é da escritora Stephenie Meyer, com a saga do vampiro que criou. Seu livro “Amanhecer” está, nesta semana, mais uma vez, no topo da relação dos mais vendidos no País. E o fenômeno é mundial.
Essa escritora vem vendendo milhões e milhões de exemplares, mundo afora. E não apenas desse romance, mas também do “Lua Nova” (3° colocado no ranking elaborado pela Veja), “Crepúsculo” (na 4ª colocação, mas que, certamente, vai recuperar a liderança, agora que foi lançado o filme baseado nesse livro) e “Eclipse” (que segue os outros três de muito perto e está em 5° lugar).
Não é fácil apostar no horror e, ainda assim, escrever com verossimilhança e ponderação. Méritos totais, portanto, para Stephanie e outros tantos que seguem essa linha. Leio, também, esse tipo de livro, dificílimo de escrever (muito mais difícil do que o leigo possa imaginar), embora esteja a milhões de anos-luz de distância da minha leitura predileta.
Gosto de textos que exaltam a vida e suas contradições. Amo a poesia, a beleza, a bondade e a sensibilidade. Sou idealista (figura, hoje em dia, depreciada e incompreendida, tida e havida como tresloucada sonhadora). Estou disposto a beber, por mais amargo que seja, o conteúdo inteiro do cálice da vida, até a derradeira gota.
Se a aposta no horror é um desafio (e creiam, é mesmo), a que é feita por (poucos) escritores nesta temática que envolve sensibilidade e grandeza, poesia e beleza, é muito mais. Há o permanente e sempre iminente risco de se resvalar para a pieguice e o texto “água com açúcar”.
Há, claro, escritores competentes, que desafiam essa areia movediça literária, e se dão bem. Por isso, valorizo-os mais e por duplo motivo: por ser a linha de raciocínio que me fascina e engrandece e pelas enormes dificuldades de se apostar no positivo com credibilidade, competência e criatividade.
Boa leitura.
O Editor.
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