Jesus mandou-me um e-mail
* Por Seu Pedro
Bem na hora em que eu lia um e-mail, que me chegava assinado por Jesus, a Internet foi embora. Apagou como se apaga o olhar de quem se defunta embaixo de uma carreta, sem dar tempo de pensar. Faltasse luz, não me importaria. Acenderia uma vela, ou quatro delas, uma em cada canto do caixão, e iria fazer orações, para que não viesse a acontecer o mesmo com outro alguém. Assim como a vida, por ruim que seja, é boa demais, sem e-mail, numa época de modernismo e imediatismo, não daria para responder, com urgência, à missiva que Jesus me enviara.
Mas Jesus não necessita de Internet. E Dele recebi uma mensagem: “Meu filho irmão Seu Pedro, percebeu como é bom ter humildade? Até meu xará Jesus da terra lhe mandou um e-mail?” Respondi em meditação ao Mestre: “E por que não haveria de ser humilde?”
Ao tempo, ainda meditava no e-mail de “Seu Jesus”. Era alguém com o privilégio de um nome tão bonito, querendo me imitar, pois postou, antes de seu nome, o “Seu”. Veio-me, então, a certeza de que temos a obrigação de, em nossa vida, ter algo a ser imitado. Se não consigo ser prefeito, pois só Jesus o é, devo ter, pelo menos, algo que Jesus possa imitar. E quem sabe ele, não me conhecendo a não ser por artigos e crônicas pela Internet, tenha gostado de uma virtude que procuro ter: humildade!
A humildade não é o mesmo que dizer “faça de mim o que quiser”. Não é isto. Aborreci-me com o provedor e xinguei de palavrões o pessoal do suporte (ainda bem que não me ouviram). Não eram os culpados. Faltou energia elétrica e, com velas, a Internet não funciona.
Procurei ter a humildade de pedir desculpas ao meu Senhor Jesus pela “raiva”. E ao Seu Jesus, agradeci pelo montão de alegrias pois, se existe algo que me gratifica, é receber um comentário sobre algo que escrevo. Quando ainda menino, fugi da escola, mas dela levei a vontade de escrever. Espero ter aprendido.
O que é ser humilde? É saber ouvir, agradecer, ler e saber que nem todos, e nem todos os dias, escrevem o que queremos. É entender, desculpar, pedir perdão, perdoar até político que trai nosso voto. O que não quer dizer que concorde com que esta ou aquela pessoa faz. Quem garante que os espíritos dos pais de Suzane von Richthofen já não a perdoaram? Eu não a perdoei e nem aos irmãos Cravinhos. Para mim foi bárbaro o que fizeram. Mas, não dizemos que os pais têm mil perdões para os filhos? Como podemos, então, afirmar que nos pais de Suzane não haveria este perdão?
Só uma história e acabo a crônica: Quem mora em Guanambi conhece Natalino, que neste Natal fará 26 anos de idade indicada. A idade real é a inocência dele que dita. Não freqüenta a Apae, porque não aceita. E foge dessa instituição..Não há quem o obrigue a fazer; Sua avó já morreu, sua mãe e o tio com quem morava. Este último foi eletrocutado pela fiação de um velho tanquinho de lavar roupa. Como não teve pai, homem que o assumisse, Natalino mora só, em uma pequena e velha casa, em que assistiu tanto drama. Nem por isto Natalino vive sujo. Freqüenta o Caps.
Se não fosse o enorme físico, eu lhe daria de 12 a 14 anos, do tempo em que com esta idade ainda éramos crianças. Desde que conheci Natalino na Apae, sempre que eu o encontro, lhe dou um real. Dou porque sei que vai comer alguma coisa. Não bebe. Um dia encontro-o na praça e eu não tinha nenhum dinheiro no bolso. Antes que meu amigo me perguntasse pelo seu real, mostrei-lhe os bolsos às avessas e fui dizendo que naquele dia eu é que estava com fome. Natalino saiu em direção às mesas de um barzinho e, logo após, entrou em uma pastelaria e de lá saiu com dois pastéis. E me deu um para “matar” a minha fome. O que Jesus faria? Caminharia ao lado de Natalino. E lá estávamos os três; Natalino, eu e Ele, na caminhando na praça, saboreando os pasteis.
* Seu Pedro é o jornalista Pedro Diedrichs, editor do jornal Vanguarda, de Guanambi, Bahia.
* Por Seu Pedro
Bem na hora em que eu lia um e-mail, que me chegava assinado por Jesus, a Internet foi embora. Apagou como se apaga o olhar de quem se defunta embaixo de uma carreta, sem dar tempo de pensar. Faltasse luz, não me importaria. Acenderia uma vela, ou quatro delas, uma em cada canto do caixão, e iria fazer orações, para que não viesse a acontecer o mesmo com outro alguém. Assim como a vida, por ruim que seja, é boa demais, sem e-mail, numa época de modernismo e imediatismo, não daria para responder, com urgência, à missiva que Jesus me enviara.
Mas Jesus não necessita de Internet. E Dele recebi uma mensagem: “Meu filho irmão Seu Pedro, percebeu como é bom ter humildade? Até meu xará Jesus da terra lhe mandou um e-mail?” Respondi em meditação ao Mestre: “E por que não haveria de ser humilde?”
Ao tempo, ainda meditava no e-mail de “Seu Jesus”. Era alguém com o privilégio de um nome tão bonito, querendo me imitar, pois postou, antes de seu nome, o “Seu”. Veio-me, então, a certeza de que temos a obrigação de, em nossa vida, ter algo a ser imitado. Se não consigo ser prefeito, pois só Jesus o é, devo ter, pelo menos, algo que Jesus possa imitar. E quem sabe ele, não me conhecendo a não ser por artigos e crônicas pela Internet, tenha gostado de uma virtude que procuro ter: humildade!
A humildade não é o mesmo que dizer “faça de mim o que quiser”. Não é isto. Aborreci-me com o provedor e xinguei de palavrões o pessoal do suporte (ainda bem que não me ouviram). Não eram os culpados. Faltou energia elétrica e, com velas, a Internet não funciona.
Procurei ter a humildade de pedir desculpas ao meu Senhor Jesus pela “raiva”. E ao Seu Jesus, agradeci pelo montão de alegrias pois, se existe algo que me gratifica, é receber um comentário sobre algo que escrevo. Quando ainda menino, fugi da escola, mas dela levei a vontade de escrever. Espero ter aprendido.
O que é ser humilde? É saber ouvir, agradecer, ler e saber que nem todos, e nem todos os dias, escrevem o que queremos. É entender, desculpar, pedir perdão, perdoar até político que trai nosso voto. O que não quer dizer que concorde com que esta ou aquela pessoa faz. Quem garante que os espíritos dos pais de Suzane von Richthofen já não a perdoaram? Eu não a perdoei e nem aos irmãos Cravinhos. Para mim foi bárbaro o que fizeram. Mas, não dizemos que os pais têm mil perdões para os filhos? Como podemos, então, afirmar que nos pais de Suzane não haveria este perdão?
Só uma história e acabo a crônica: Quem mora em Guanambi conhece Natalino, que neste Natal fará 26 anos de idade indicada. A idade real é a inocência dele que dita. Não freqüenta a Apae, porque não aceita. E foge dessa instituição..Não há quem o obrigue a fazer; Sua avó já morreu, sua mãe e o tio com quem morava. Este último foi eletrocutado pela fiação de um velho tanquinho de lavar roupa. Como não teve pai, homem que o assumisse, Natalino mora só, em uma pequena e velha casa, em que assistiu tanto drama. Nem por isto Natalino vive sujo. Freqüenta o Caps.
Se não fosse o enorme físico, eu lhe daria de 12 a 14 anos, do tempo em que com esta idade ainda éramos crianças. Desde que conheci Natalino na Apae, sempre que eu o encontro, lhe dou um real. Dou porque sei que vai comer alguma coisa. Não bebe. Um dia encontro-o na praça e eu não tinha nenhum dinheiro no bolso. Antes que meu amigo me perguntasse pelo seu real, mostrei-lhe os bolsos às avessas e fui dizendo que naquele dia eu é que estava com fome. Natalino saiu em direção às mesas de um barzinho e, logo após, entrou em uma pastelaria e de lá saiu com dois pastéis. E me deu um para “matar” a minha fome. O que Jesus faria? Caminharia ao lado de Natalino. E lá estávamos os três; Natalino, eu e Ele, na caminhando na praça, saboreando os pasteis.
* Seu Pedro é o jornalista Pedro Diedrichs, editor do jornal Vanguarda, de Guanambi, Bahia.
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