domingo, 13 de setembro de 2009




Cateto oposto

* Por Carla Andrade Bonifácio Gomes

O oval de mim
é pulso na manhã,
língua no lamber do mar,
cabelos soltos em afã
nos obesos dedos do ar.

O mim no aval do mundo:

geometria das cores
de um pássaro, descora;
pó verde de homens
de suor, desbota.

Decora
ossos do calcanhar
de quem no oval
do tempo, pisa em mim.

O mim, no que ainda resta
de oval no mundo, é quadrado,
olhos fundos de vigas,
dentes podres em filas.

Estilhaço, mais um dia.
No oval redondo da vida,
tantas covas na hipocrisia,
bichos mortos de sonhos.

* Poetisa

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