terça-feira, 15 de setembro de 2009




Água de rosas

* Por Evelyne Furtado

Jogarei água de rosas nas lembranças e lavarei as pedras que pisei nas noites iluminadas por você. Reforçarei as cores pálidas e atenuarei as mais fortes para harmonizar o quadro que pintei, mas terei cuidado para não alterar a verdade em todas as expressões.

Guardarei os sons das gaivotas anunciando a proximidade do mar, assim como reterei seu sal em mim. Mergulharei o corpo em água quente para acalmar a alma e envolverei no mais fino tecido o nervo exposto para melhor suportar as pancadas da solidão.

Da mesma maneira cuidarei de você. Escolherei as palavras, amansarei as vontades e o protegerei de qualquer fel. Talvez não faça perguntas, nem procure mais os porquês. Será suficiente saber que foi um bálsamo lhe conhecer.

Acenderei incensos e farei preces por nós dois, enquanto procurarei o melhor lugar para reencontrar você.

* Poetisa e cronista de Natal/RN

6 comentários:

  1. Que sortudo o merecedor de tudo isso. Maravilhoso texto, Evelyne! Um beijo.

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  2. Delícia de texto, Evelyne.
    Sensual, erótico e iluminado.
    bj

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  3. Acho que você encontrou o melhor remedio: não guardar rancor, não ter sentimentos de vingança. Isso é sabedoria.
    Beijos
    Risomar

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  4. Que benção ter leitores como vocês! Obrigada, Marcelo, Cel e Risomar. Beijos e boa noite.

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  5. Preciso de um neon para colocar a frase do amor interrompido. Bela que ela só: " envolverei no mais fino tecido o nervo exposto para melhor suportar as pancadas da solidão." É para decorar e cantar em prece nos momentos em que a dor romper as comportas das lágrimas. Evelyne, ainda assim, melhor ter vivido, mesmo com o sofrimento do final. Gostaria de saber falar assim, pois o que sinto é igual. Depois de posto pra fora, o alívio vem. Adorei!

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  6. Mara, às vezes, é preciso banhar com rosas as lembranças boas. Obrigada, querida. Beijos.

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