O picadinho
* Por Rodrigo Ramazzini
Não havia muita gente no bar naquele dia. Era por volta das 18h43min. O casal, Mateus e Joana, esperavam os recém-casados, Mauro e Lúcia, para uma confraternização. Enquanto aguardavam a chegada, Mateus roia as unhas e tomava uma cerveja, enquanto Joana falava sobre o seu dia. Sentados ao lado de uma janela, enxergaram quando o casal de amigos estacionara o carro no outro lado da rua.
Mauro e Lúcia colocaram os pés dentro do estabelecimento, e o Mateus reclamou, mostrando o relógio:
- Pô! Até que enfim! 18h30min estou lá Mateusinho...
E o Mauro, com a maior paciência do mundo, redargüiu, batendo-lhe no ombro:
- Calma Mateus! Olha o coração...
Cumprimentos feitos, Mateus faz sinal, erguendo o seu copo, para que a garçonete lhe trouxesse outro copo. Como todo início de conversa entre homens, começa-se perguntando:
- Como vão as coisas? E o trabalho? – até o diálogo fluir naturalmente. Já as mulheres engrenaram no seu bate-papo, um assunto atrás do outro.
Alguns minutos depois, a garçonete traz o copo solicitado. Mateus resmunga: - Demoro! – Ela afasta-se. Mateus com os olhos acompanha o caminhar sensual do seu largo quadril. Toma um gole de cerveja e, soerguendo as sobrancelhas, exclama para Mauro um:
- Pois é!
Não era uma bela garçonete. Também não era feia. Tinha o rosto arredondado, cabelos que soltos batiam nos ombros, seios pequenos e uma barriguinha que saltava com o apertar da calça na cintura. Em compensação, tinha um belo par de nádegas.
Garçonetes possuem (Está bem! Quase todas as mulheres) o incrível “dom” de irem ficando mais bonitas a cada gole de cerveja. E cerveja não faltou na mesa do Mauro e do Mateus. Uma atrás da outra. Brilho nos olhos, “transformações”, inúmeras visitas ao banheiro, além desses efeitos, a cerveja “desperta” a fome.
Efeitos sentidos, Mateus, então, pede o cardápio. A garçonete alcança-lhe e diz um: “Já volto!” E distancia-se. Mateus, de novo, segue-a com os olhos. Sua esposa Joana vê e, discretamente, belisca-o na região estratégica, abaixo da costela, entre a barriga e as costas.
Como em todos os jantares entre amigos, a indecisão, na hora de escolher o que comer, aparece. Ninguém quer tomar posição, exceto Mateus: “Quero pizza”. O que não é servido no bar “Reina”:
- Não tem nada nessa droga!
Com a indecisão, chamam, novamente, a garçonete para um aconselhamento. Mauro indaga:
- O que você no recomenda?
Ela responde:
- Vocês já conhecem a nossa linha de lanches? Sim! Bom, além dos lanches, temos risoto, pratos rápidos, filés e o nosso famoso picadinho...
- E aí, pessoal? – questiona Mauro.
Mateus responde:
- Quero pizza!
Ficam no picadinho. Dois para ser mais exato. Mateus come freneticamente. Pede outra cerveja, mas ressalta:
- Gelada, dessa vez!
A garçonete traz a cerveja e, para ser simpática, pergunta, esperando uma resposta positiva:
- Bom o nosso picadinho, né? O nosso tempero é ótimo!
E o Mateus olha para a garçonete, dando uma abaixada nos olhos para conferir o quadril, e replica:
- Eu não gostei! Não estava bom...
Assustada, a garçonete questiona:
- Por que meu senhor? O que faltou?
Assim, inicia um bate-boca. Mateus questionando desde a qualidade dos produtos usados até o modo de preparo. Falando alto, diz que ele é cliente e sempre tem razão. Que nunca deveria ter ido naquela espelunca etc.
A garçonete tentava manter a calma, apesar dos provocativos questionamentos de Mateus. Lúcia balançava a cabeça, enquanto Mauro e Joana tentavam acalmá-lo. Foi então que Mateus falou do tempero:
- Eu não vou pagar por esse troço insosso, sem tempero...
E a garçonete, perdendo a paciência, afirma:
- Claro que tinha tempero!
- Como você sabe? – indaga Mateus.
Tomada pela raiva, sem pensar, ela responde:
- Sei por que provei um picadinho...
Escutou-se um:
- Fui logrado!
E aí, sim, começou a confusão...
* Jornalista
* Por Rodrigo Ramazzini
Não havia muita gente no bar naquele dia. Era por volta das 18h43min. O casal, Mateus e Joana, esperavam os recém-casados, Mauro e Lúcia, para uma confraternização. Enquanto aguardavam a chegada, Mateus roia as unhas e tomava uma cerveja, enquanto Joana falava sobre o seu dia. Sentados ao lado de uma janela, enxergaram quando o casal de amigos estacionara o carro no outro lado da rua.
Mauro e Lúcia colocaram os pés dentro do estabelecimento, e o Mateus reclamou, mostrando o relógio:
- Pô! Até que enfim! 18h30min estou lá Mateusinho...
E o Mauro, com a maior paciência do mundo, redargüiu, batendo-lhe no ombro:
- Calma Mateus! Olha o coração...
Cumprimentos feitos, Mateus faz sinal, erguendo o seu copo, para que a garçonete lhe trouxesse outro copo. Como todo início de conversa entre homens, começa-se perguntando:
- Como vão as coisas? E o trabalho? – até o diálogo fluir naturalmente. Já as mulheres engrenaram no seu bate-papo, um assunto atrás do outro.
Alguns minutos depois, a garçonete traz o copo solicitado. Mateus resmunga: - Demoro! – Ela afasta-se. Mateus com os olhos acompanha o caminhar sensual do seu largo quadril. Toma um gole de cerveja e, soerguendo as sobrancelhas, exclama para Mauro um:
- Pois é!
Não era uma bela garçonete. Também não era feia. Tinha o rosto arredondado, cabelos que soltos batiam nos ombros, seios pequenos e uma barriguinha que saltava com o apertar da calça na cintura. Em compensação, tinha um belo par de nádegas.
Garçonetes possuem (Está bem! Quase todas as mulheres) o incrível “dom” de irem ficando mais bonitas a cada gole de cerveja. E cerveja não faltou na mesa do Mauro e do Mateus. Uma atrás da outra. Brilho nos olhos, “transformações”, inúmeras visitas ao banheiro, além desses efeitos, a cerveja “desperta” a fome.
Efeitos sentidos, Mateus, então, pede o cardápio. A garçonete alcança-lhe e diz um: “Já volto!” E distancia-se. Mateus, de novo, segue-a com os olhos. Sua esposa Joana vê e, discretamente, belisca-o na região estratégica, abaixo da costela, entre a barriga e as costas.
Como em todos os jantares entre amigos, a indecisão, na hora de escolher o que comer, aparece. Ninguém quer tomar posição, exceto Mateus: “Quero pizza”. O que não é servido no bar “Reina”:
- Não tem nada nessa droga!
Com a indecisão, chamam, novamente, a garçonete para um aconselhamento. Mauro indaga:
- O que você no recomenda?
Ela responde:
- Vocês já conhecem a nossa linha de lanches? Sim! Bom, além dos lanches, temos risoto, pratos rápidos, filés e o nosso famoso picadinho...
- E aí, pessoal? – questiona Mauro.
Mateus responde:
- Quero pizza!
Ficam no picadinho. Dois para ser mais exato. Mateus come freneticamente. Pede outra cerveja, mas ressalta:
- Gelada, dessa vez!
A garçonete traz a cerveja e, para ser simpática, pergunta, esperando uma resposta positiva:
- Bom o nosso picadinho, né? O nosso tempero é ótimo!
E o Mateus olha para a garçonete, dando uma abaixada nos olhos para conferir o quadril, e replica:
- Eu não gostei! Não estava bom...
Assustada, a garçonete questiona:
- Por que meu senhor? O que faltou?
Assim, inicia um bate-boca. Mateus questionando desde a qualidade dos produtos usados até o modo de preparo. Falando alto, diz que ele é cliente e sempre tem razão. Que nunca deveria ter ido naquela espelunca etc.
A garçonete tentava manter a calma, apesar dos provocativos questionamentos de Mateus. Lúcia balançava a cabeça, enquanto Mauro e Joana tentavam acalmá-lo. Foi então que Mateus falou do tempero:
- Eu não vou pagar por esse troço insosso, sem tempero...
E a garçonete, perdendo a paciência, afirma:
- Claro que tinha tempero!
- Como você sabe? – indaga Mateus.
Tomada pela raiva, sem pensar, ela responde:
- Sei por que provei um picadinho...
Escutou-se um:
- Fui logrado!
E aí, sim, começou a confusão...
* Jornalista
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