domingo, 2 de agosto de 2009




Táxi-dancing

* Por Camargo Meyer

“... e convidei-a para dançar.”
CHICO BUARQUE DE HOLLANDA

Ali, quem me leva
nessa embalagem inédita,
embrulho ensimesmado.
E eu, de mim, ao próprio lado,
comensais do mesmo prato...

Mas ao mesmo tempo
já sem tempo e desolado
não do que foi, e está parado,
e vai-se, de quem está vendo.

Quem me leva assim,
o peito na mão, cruzado,
assistente de quem passa ao largo,
andante no sinal quase fechado.

Quem assim me veste e calça
para ir aonde não fico, pasmo,
papel amarelo posto quase de lado.

Quem ao mesmo tempo me leva
nesse passo de valsa,
se eu mesmo me seguro a alça?

* Poeta

Um comentário:

  1. Escrivinhador, de onde você tirou este poema? Tenho o primeiro livro do Camargo Meyer e queria encontrar mais coisas dele, mas não é fácil.
    Se puder, me escreva: ivan_hegen@yahoo.com.br

    Abraço!

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