sábado, 1 de julho de 2017

Perplexidade


* Por Flora Figueiredo


Sempre pensei que quando a gente envelhecesse,
o tempo por fim se condoesse
e parasse de vez de pregar peças.
Agora vem você desavisadamente,
colocar minha oração em desalinho,
desafiar-me a retidão posta à avessas.
Por isso peço aos anjos novamente,
que deem licença para eu errar mais um pouquinho. 


In Chão de Vento, 2005 

* Poetisa, cronista, compositora e tradutora, autora de “O trem que traz a noite”, “Chão de vento”, “Calçada de verão”, “Limão Rosa”, “Amor a céu aberto” e “Florescência”; rima, ritmo e bom-humor são características da sua poesia. Deixa evidente sua intimidade com o mundo, abraçando o cotidiano com vitalidade e graça - às vezes romântica, às vezes irreverente e turbulenta. Sempre dentro de uma linguagem concisa e simples, plena de sutileza verbal, seus poemas são como um mergulho profundo nas águas da vida. 


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