sábado, 22 de julho de 2017

Sou um escritor que não tem o que falar



* Por Fernando Mariz Masagão



Quack!”
Donald Fauntleroy Duck( 1934- )

Aliás, como todos. Eu abomino este tipo de título. Isso é título de vagabundo, como dizia a minha vó Das Dores. É mister termos modos. Eis o mal da nossa literatura hoje. A arte, regra geral, é uma fila quilométrica para um único banheiro. Não há compostura, nem intelectual, nem moral. Caga-se nas calças sem o menor constrangimento.

Consta do Livro de Denis que o mundo acabou de fato no ano 2000 de Nosso Senhor, embora ninguém tenha percebido. Ouve-se falar de casos abomináveis de desumanidade, mas ninguém engasga o seu bocado. “Temos que escrever isto, registrar o horror, imprimir às gerações futuras o espanto do nosso próprio descalabro”.

Banana não é azul, não adianta o meu pai afirmar o contrário. A palavra é metade do conteúdo. Nada é genial. A verdade é um amontoado de idéias. É engraçado como a gente consegue escrever junto, não? – pergunto a você, leitora de minissaia. “Eu só te motivo, quem escreve é você”. “Mas você não se sente cerceada...”. “Qual é o problema com a mocidade de hoje, hein Fernando...?” “Responda você”. “ Nenhum, são seus olhos.” Ah, leitora de minissaias...

Eu digo qual é o problema. Calma, não precisamos correr. “Lá vem o Fabão: Mandôôô...!!!! Josué vem, bom passe na esquerda, vinte e um minutos e cinqüenta!” O interfone tocou. “Seu Fernando... É o Diabo.” “Pode mandar subir.”. E mandar subir o Diabo é como um convite à literatura, é como mandar um e-mail à uma mina desconhecida de Ribeirão Preto e espocar a silibina virtualmente. Vocês podem até achar que eu sou um novo Henry Miller, um moderno Marquês de Sade que faz os jornalistas ficarem de membro duro (por favor, onde está escrito “membro”, leia-se “pau”. É apenas para a editora não tesourar (d´onde se deduz que as cousas andam meio afrodescendentes por aqui.)

Não sou, aliás, homem de freqüentar prostíbulos. É meio esquisito, ponto. “Faz favor, quando é que vai sair este texto?” “Eu vou dizer pra mina de Ribeirão, e ela vai banhar-se em minhas palavras, balouçando suas espáduas úmidas”. Ah, eu amo omoplatas. E leitoras de minissaias. “PÉ ESQUERDO!!!! PRA FORA”””””””


(*) Fernando Mariz Masagão é músico, dramaturgo, poeta e colaborador de publicações online sobre arte, com crônicas e críticas musicais. Guitarrista e vocalista de bandas de rock'n'roll, tem formação clássica vigorosa, em cursos de regência sinfônica, apreciação musical e instrumentação.

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