sábado, 22 de julho de 2017

Idealismo


* Por Augusto dos Anjos


Falas de amor, e eu ouço tudo e calo!
O amor da humanidade é uma mentira.
É. E é por isto que na minha lira
de amores fúteis poucas vezes falo.

O amor! Quando virei por fim a amá-lo?
Quando, se o amor que a humanidade inspira
é o amor do sibarita e da hetaira,
de Messalina e de Sardanapalo?

Pois é mister que, para o amor sagrado,
o mundo fique imaterializado
--- alavanca desviada do seu fulcro –

e haja só amizade verdadeira
duma caveira para outra caveira,
do meu sepulcro para o teu sepulcro?!



* Poeta, considerado, por muitos, como simbolista e por outros tantos, como parnasiano.

Nenhum comentário:

Postar um comentário