quinta-feira, 27 de julho de 2017

Aos pés de Cruz e Sousa


* Por Clarisse da Costa


São páginas ainda em branco, nada amareladas pelo tempo. Mas são versos antigos em traços e passos doídos. Capa versada com sua letra, cor esverdeada e uma rachadura, marcas de quem abriu o livro. De quem foi além da capa. Um luso poeta em sua agonia.

Um negro marcado. Em seus traços celestes regiões distantes uma quimera de almas profundas em fundo de tristeza e de agonia, sem a dor da carne. Uma visão gerada no horror.

Assinalado é Cruz e Sousa. Louco imortal, representante da minha loucura! Aos pés da Cruz nem Costa, Silva ou Sousa. Poeta sem limites pra traçar cada linha poética!


Travessias


A travessia nas celestes regiões distantes chega até a alma, onde se encontra um fundo melancólico da esfera. Os muros são impostos, fatos e traços marcados. A sombra dos supremos sofrimentos de Cruz e Souza são flores negras no jardim dos negros, sem a cor da expectativa ou vida.

Uma sombra que acompanha sangrentas mortes, uma bala perdida que nem perdida estava. Ou erros. Ou fatos, pessoas marcadas pra morrerem. No jornal eram três pessoas e um negro.

O negro não é gente? O perfil negro é fora dos padrões. E os murros são tantos e ali permanecem os muros, o mundo para nós é negro e duro, cruel e obscuro. E no versado e esverdeado fim de sua página diz: ‘’Sei que cruz infernal prendeu-te os braços E o teu suspiro como foi profundo!’’



* Cronista e artesã em Biguaçu SC

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