Poeta de Campinas
* Por Pedro J. Bondaczuk
A cidade de Campinas teve, no professor Benedito
Sampaio, seu grande poeta. Seus versos cantaram e decantaram as ruas,
as praças e principalmente as pessoas que aqui viviam, trabalhavam,
amavam e morriam em sua época. Sua poesia, embora não se
concentrasse no tema, foi uma espécie de “Paulicéia Desvairada”,
a grande obra de Mário de Andrade em que o intelectual paulistano
captou a alma de São Paulo. Mas são raros, raríssimos, os
campineiros (ou os que o são apenas por opção, e não nascimento,
como nós) que se detenham em relatar as coisas e a gente desta
metrópole.
Há
um poema, todavia, de Sólon Borges dos Reis, vice-prefeito da cidade
de São Paulo, inserido no livro “Carrossel do tempo”, que merece
citação, até por uma questão de justiça. Seu título é “Troca”
e diz:
“E
proponho a troca:
os Boulevards, Oxford Street e mais a Broadway,
a
Kudam, a Gran Via e a Via Vêneto,
por
seis quadras apenas, nada mais,
entre
a Barreto Leme e a Morais Sales,
por
um pedaço só da minha rua
por
um pedaço só da Luzitana.
E
ofereço a Concorde ou a Piazza Ezedra e a
Vendome,
Trafalgar, Times Square,
Por
um largo só, como era antes,
Se
voltasse,
O
Largo do Mercado”.
Nós também trocaríamos (se fossem nossos) os
logradouros mais conhecidos e badalados do mundo pelo Bosque dos
Jequitibás, por exemplo. Ou pela Lagoa do Taquaral. Ou pelo Jardim
Carlos Gomes, com seu bucólico coreto. Campinas toda é uma poesia,
com aspectos líricos e outros trágicos (como o das crianças
abandonadas que se marginalizam). Falta, somente, um poeta, como
Benedito Sampaio, que imortalize a cidade atual em seus versos.
(Capítulo
do livro “Por uma nova utopia”, Pedro J. Bondaczuk, páginas 77 e
78, 1ª edição – 5 mil exemplares – fevereiro de 1998 –
Editora M – São Paulo).
PUBLICADO
A PEDIDOS
*
Jornalista, radialista e escritor. Trabalhou na Rádio Educadora de
Campinas (atual Bandeirantes Campinas), em 1981 e 1982. Foi editor do
Diário do Povo e do Correio Popular onde, entre outras funções,
foi crítico de arte. Em equipe, ganhou o Prêmio Esso de 1997, no
Correio Popular. Autor dos livros “Por uma nova utopia” (ensaios
políticos) e “Quadros de Natal” (contos), além de “Lance
Fatal” (contos), “Cronos & Narciso” (crônicas),
“Antologia” – maio de 1991 a maio de 1996. Publicações da
Academia Campinense de Letras nº 49 (edição comemorativa do 40º
aniversário), página 74 e “Antologia” – maio de 1996 a maio
de 2001. Publicações da Academia Campinense de Letras nº 53,
página 54. Blog “O Escrevinhador” –
http://pedrobondaczuk.blogspot.com. Twitter:@bondaczuk
Saudades do que mudou e que não volta jamais.
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