sábado, 7 de janeiro de 2017

Espécie em processo contínuo de evolução

O ser humano é uma espécie em contínua evolução, quer física, quer mental e quer, até mesmo, espiritual. É certo que esta não se dá, digamos, de forma linear. Há avanços e recuos, dependendo, sobretudo, das circunstâncias. Nesse processo, que se dá não em algum escasso punhado de anos, e nem em uma única geração, mas em décadas, séculos, quando não em milênios, e gerações após gerações, as mudanças, não raro, nem são perceptíveis, tão discretas que são. Mas ocorrem. E nem mesmo são generalizadas. Alguns espécimes da espécie evoluem em todos (ou em alguns) aspectos, outros tantos permanecem estagnados, como seus atrasados ascendentes, e alguns até mesmo retroagem. È, pois, mais uma evolução individual do que de toda a espécie, ou seja, coletiva.   

Concordo com uma observação de Friedrich Nietzsche, que li em um de seus livros (provavelmente no “Assim falava Zaratustra”), que escreveu:“Tudo evolui; não há realidades eternas; tal como não há verdades absolutas”. E não há de fato. Quando falo de evolução, não estou pensando numa suposta (e para mim absurdamente fantasiosa) origem do homem que, conforme alguns, teria “evoluído” dos símios. Ambas espécies podem até ter muitas características biológicas comuns (e têm mesmo), mas suas origens são diferentes. Quais são? Não sei! Mas quem defende a tese da origem comum também não sabe, mas teima em não reconhecer e não admitir essa ignorância. Apenas “palpita”, sem nenhum fundamento, sem base na mais mínima das mínimas provas. E, crença por crença, fico com a minha, por entendê-la mais lógica, pelo menos até que alguém me prove que estou equivocado (se de fato estiver).

Aliás, a propósito dessa nossa alegada descendência simiesca, Nietzsche ironizou, em detrimento de nossa espécie, ao escrever: “O macaco é um animal demasiado simpático para que o homem descenda dele”. Pelo menos, convenhamos, não é tão cruel, destrutivo e letal como o ser humano. Nunca moveu guerras e mais guerras, por exemplo, causando a morte de centenas de milhões de indivíduos da própria espécie ao longo da História (só na Segunda Guerra Mundial foram mortas pelo menos cinquenta milhões de pessoas). E os símios também não extinguiram com milhares de espécies de animais e de vegetais, como os humanos fizeram e têm feito amiúde até hoje.

Na mesma linha crítica de Nietzsche, o poeta Mário Quintana observou: “O que me impressiona, à vista de um macaco, não é que ele tenha sido nosso passado; é este pressentimento de que ele venha a ser nosso futuro”. Porém, em alguns milênios (quantos? Quem o sabe?), não há como negar que o homem, individual e coletivamente, evoluiu a olhos vistos. Em termos físicos, vive mais e melhor do que seus ancestrais de, digamos, apenas meio século atrás. Há quem argumente que os patriarcas bíblicos (para citar apenas alguns exemplos) viviam setecentos, oitocentos, novecentos anos ou mais. Viviam mesmo? Como era feita a contagem de tempo naquela época? Os cronistas de então tinham a preocupação que temos hoje com detalhes como a idade exata de seus personagens? Tinham preparo intelectual para isso? Ora, ora, ora... Quando muito, nossos ancestrais viviam quarenta ou cinqüenta anos e olhem lá! Uma simples gripe qualquer, que hoje se cura em quatro ou cinco dias, dizimava multidões.  Aos quarenta anos, as pessoas já eram consideradas “velhas”. É só raciocinar com um pouquinho de lógica para chegar a essa óbvia conclusão.

Reitero, a propósito da evolução que importa, a mental e, sobretudo, a espiritual, o que escrevi em uma crônica datada, se não me falha a memória, de 2006: “Das primeiras palavras inteligíveis trocadas por dois seres humanos ao milagre dos satélites; das pinturas sagradas nas paredes das cavernas à Internet; da invenção do alfabeto pelos fenícios ao milagre da multimídia, o homem, esse ser estranho, misto anjo e demônio, deu um salto de qualidade magnífico, da animalidade à racionalidade. Estou convicto que, não importa o tempo que leve, saberá superar seus dilemas, egoísmos, deficiências e contradições e se impor como rei da natureza, quando aprender de vez o princípio da bondade, da integridade, da cooperação e da solidariedade”. Mas aprenderá tudo isso algum dia? Haverá tempo para esse aprendizado, para evitar a catástrofe anunciada caso prossiga agindo como age? Como prever? Não há como!

Quanto à evolução necessária para que o homem viva em paz e harmonia, e sobreviva, como espécie, escrevi, nessa mesma citada crônica: “Isso, infelizmente, não se dará nesta geração e nem nas dezenas das próximas. E tal evolução, óbvio, apenas será possível caso o homem não se destrua, mediante guerras (sempre estúpidas e irracionais) e nem destrua seu domo cósmico, a Terra, frágil planetazinha que o acolhe e abriga. Este é o dilema humano a médio (talvez a curto) prazo: evoluir ou desaparecer”. Muitos arrogantes dogmáticos, assim como os supersticiosos, os descerebrados, os fanáticos e os que não enxergam um palmo adiante do nariz – infelizmente a imensa maioria dos mais de 7,5 bilhões de habitantes do Planeta – discordam desta óbvia alternativa. Enfim...

Contudo, há exemplos em profusão de como a tentativa de se refugiar em algum dogma, tido e havido como a máxima expressão da verdade (e que o tempo se encarregou de mostrar que era grosseiramente falso), induziu, no passado, categorias inteiras aos mais ridículos erros. Por exemplo, antes das pesquisas de Johannes Kepler, ou de Tycho Brahe, ou de Galileo Galilei Galileu, ou de Giordano Bruno,  pretensos cientistas davam como "favas contadas" que a Terra era o centro do Universo e que o Sol é que girava ao redor do nosso planeta. Negar o geocentrismo deu cadeia, e muitas vezes a fogueira, por "crime de heresia", a um número grande de pessoas preparadas e responsáveis. Os doutores da Igreja, defensores desses dogmas, atrasaram em séculos a evolução da astronomia, da física e de tantas outras disciplinas científicas e, portanto, do saber humano. Não se deve, pois, acorrentar o pensamento, seja a que pretexto for, como tantos e tantos e tantos o fazem, sob pena de se cometer ridículos erros de avaliação. Tais dogmas, insisto, só retardam a evolução humana, quando não promovem absurdo retrocesso, indesejável “involução”.

Nada é mais ilógico e irracional do que o egoísmo. Nada é mais sem sentido do que ajuntar bens, que no final das contas não nos pertencem de fato, mas sobre os quais temos somente posse transitória enquanto estivermos vivos, privando multidões de uma vida minimamente digna. O homem depende de forças cósmicas descomunais para sobreviver, mas a imensa maioria não se dá conta dessa dependência. O indivíduo somente consegue plena realização quando age no sentido de promover a evolução da espécie. É o óbvio do óbvio, mas...Tudo o mais, que fuja disso, é mero desperdício de tempo, senão de vida. Pense nisso, paciente e esclarecido leitor.

Boa leitura!

O Editor.

Acompanhe o Editor pelo twitter: @bondaczuk   






Um comentário: