Pitadas de poesia – 1
* Por Laís de Castro
Solução Drummond
Meus
versos nascem tristes e sem rima,
Sonham
com ruínas, para ver se a rima persiste,
Desvendam
biografias em escombros
Escapam
de masmorras em riste
Fulgem
no universo amanteigado
Dançam
sob o fogo do pecado
Vencem
tempestades de giletes
Perdem
sílabas em hepatites
Socorrem
cães vazios, ocos por dentro
Isolam-se
em taquicárdicas cocheiras
Fogem
de salas e antessalas exauridas,
Prevaricam
em sonoras britadeiras
Espalham
carruagens mentirosas
Percorrem
ruas tuberculosas
Saltam
para abismos homeopáticos
E
entoam canções em pantomima
Para
ver se escapam do triste
Para
ver se persiste a rima,
Para
ver se a rima persiste.
Novos tempos
Silêncio
Vai
passar a caravana dos sábios
Sobre
as pernas dos ignorantes
Silêncio
Vai
passar a caravana dos fortes
Sobre
a cabeça dos fracos
Silêncio
Ninguém
faça um ruído
Nem
de dor
Nem
de revolta
Nem
que o gosto de sangue venha à boca
trancada
pelos lábios roxos
de
medo.
Nenhum
grito de socorro
Nenhum
porre de éter. Nenhum anestésico.
Tudo
o que você disser poderá
ser
usado contra você
na
hora do julgamento.
* Jornalista, trabalhou no grupo
Abril (3 prêmios Abril). Trabalhou, ainda, na Editora Três (sob Luís Carta), na
Editora Símbolo onde foi diretora da Corpo a Corpo, da Vida Executiva e, agora,
é da Dieta Já. É autora do livro “Um velho almirante e outros contos”, pela
Editora Siciliano.
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