domingo, 28 de agosto de 2016

Vinda para o Paraná

* Por Ana Deliberador


Maio, 1927.

Monte Alto, Taquaritinga, itápolis, Marília, Paraguaçu Paulista, Conceição do Monte Alegre, Porto Casanova. Finalmente, entravam no Paraná. Após três longos e cansativos dias, a viagem estava no fim. Bastava atravessar um último rio, o Limoeiro, para chegar à fazenda.

De repente, o motor do caminhão, novinho em folha, falhou, engasgou e morreu.

Na ânsia de chegar, Zé Corrêa esquecera de colocar gasolina. Pegaram um dos galões e começaram a entornar no tanque.

A noite estava muito escura. Prestativo, um dos peões acendeu um palito de fósforo e o aproximou da boca do reservatório: o precioso liquido não poderia ser desperdiçado.

Do palito para a gasolina, o fogo não demorou a passar. Se alastrou rapidamente, tanque adentro. A explosão, ensurdecedora, não demorou a se ouvir.

Ninguém morreu. Ninguém se feriu seriamente. Mas queimou tudo.

Tudo o que a comitiva trouxera foi consumido pelas labaredas.

Restou a roupa do corpo.

E a vontade de recomeçar.

* Professora, pintora e escritora


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