Inveja
* Por
Núbia Araujo Nonato do Amaral
Fui menina arteira,
daquelas que não podia ver um formigueiro sem destruí-lo. Fritava peixinho barrigudinho,
daqueles de valão, se eu os comia já são outros quinhentos.
Esfregava a bunda do
vagalume na roupa pra ficar brilhando. Cigarra virava acessório de bolso dentro
da caixa de fósforos. O que me cutucava mesmo eram as benditas teias de
aranhas, troço mais inteligente e danado de bonito mas, sabe como é criança né,
eu ia lá e desmanchava tudo!
Hoje, entendo o que
sentia, tenho pra mim que era inveja, um bichinho tão miúdo versado em
arquitetura, design e logística! Dom de Deus. Eu? Não mais desmancho as teias,
mas ainda as invejo.
* Poetisa, contista, cronista e colunista do
Literário
Foi ler e me ver. Criava lagartas em casa, assim como girinos. Morei 26 anos em apartamento. Está explicado.
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