quarta-feira, 17 de agosto de 2016

Aniversário Surpresa!


* Por Mara Narciso


Antes consulte um cardiologista. Giselle, irmã da nossa colega Maria Helena Braz sabia do bom coração da aniversariante e por isso mesmo quis lhe fazer uma surpresa. Lucília Teixeira, a mentora do nosso reencontro via WhatsApp há um ano, quando criou o “Grupo Meninas do CIC”, foi consultada. Outro grupo paralelo foi criado e no estilo jogo rápido e sigilo absoluto doze amigas puderam participar. O chá das cinco foi marcado, e deveríamos chegar quinze minutos mais cedo, deixando os carros nas laterais, para não lotar a frente da casa, o que seria suspeito, especialmente para coisa ruim. Clemar foi comprar o presente que seria custeado por todas. Foram adquiridos calça e blusa. Em menos de 22 horas o circo de amor estava montado.

Maria Helena, ex-professora de dois cargos, mãe de três filhos e com cinco netos, mora em São Francisco, e estava participando de um almoço festivo com os filhos. Como eles sabiam do chá, abreviaram as comemorações para liberá-la a tempo de ela poder se deslocar para Montes Claros. Aqui estava combinado com suas irmãs um fictício passeio ao Montes Claros Shopping, seguido por uma sessão de cinema, para comemorar o aniversário. Era o aviso para que ela viesse preparada.

Estavam confirmadas as ex-colegas Inez, Margaret, Maria Luiza, Maria, Dulce, Lucília, Marise, Mercês, Vera Helena, Clemar, Kátia e Mara. O cenário da festa, na casa de Giselle, dona da ideia, foi arrumado numa área ampla nos fundos, com uma boa mesa de finos bolos, biscoitos, chás e sucos variados. O músico Rei montou seu som, e esperávamos pela figura mais importante, a dona da festa, aquela que não sabia de festa alguma. A irmã foi buscá-la na casa da mãe, e na chegada, fomos convidadas a ficar em silêncio. O que não é fácil considerando-se o encontro de mulheres, algumas das quais tagarelas. Inocentemente, Maria Helena, anteriormente conhecida por Leninha, atravessou a casa e o corredor lateral, dando de cara com dez colegas de pé, sorridentes, aos berros de parabéns pra você! (duas chegaram logo depois).

Ela deu um grito, girou sobre o próprio corpo, e recuou dois passos, agarrando-se e, abraçando a irmã com força, começou a chorar. A face era de genuína incredulidade. Outros gritos, mais contidos ecoaram. Foi a surpresa perfeita e que fez seu coração dar bons pulos. Pena não ter sido filmada no instante exato. Além da dona da casa, duas das suas irmãs, Regina e Olga estavam presentes. Então, a aniversariante partiu para a sessão de abraços, de explicações, de emocionada felicidade. Daí por diante foi como todo aniversário, com música ao vivo, cujo repertório foi do nosso tempo de meninas, troca de presentes (houve quem trouxesse presentes em separado), e um tanto de conversa. Até ensaiamos uns passinhos de dança, e de certa forma descontraídos, pois, mais uma vez, estávamos sós, resgatando o tempo de estudantes do Colégio Imaculada Conceição. E ainda que já soubéssemos em quem tínhamos nos tornado, muita novidade persiste e o assunto não se esgota.

Depois do primeiro encontro, num setembro quente na casa de Lucília, muitos outros aconteceram, sendo de boa assiduidade, tanto no grupo que mora em Belo Horizonte, como no daqui, sendo misturados sempre que possível. Tivemos muitas festas de aniversário, passeios, visitas à fazenda (de Maria Luiza) e viagens, como a de Diamantina, recentemente. Tais encontros têm modificado a vida de muitas de nós, algumas já aposentadas, com pouca opção de companhia, exceto marido, filho e neto, quando existem. Assim, só podemos render graças ao WhatsApp, à capacidade agregadora de Lucília, ao espírito organizador de Clemar e àquelas boas irmãs que nos proporcionaram uma tarde de doce convívio.

Piegas? Óbvio? A amizade e o amor são sentimentos previsíveis! As suas parcas variações não gastam uma quadra. Discordem o quanto quiserem.

*Médica endocrinologista, jornalista profissional, membro da Academia Feminina de Letras e do Instituto Histórico e Geográfico, ambos de Montes Claros e autora do livro “Segurando a Hiperatividade”   



Um comentário:

  1. Bacana. São os tais momentos felizes, que precisamos guardar em frascos de cristal. E viva o whatsApp.

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