sexta-feira, 8 de julho de 2016

Evidências

* Por Rodrigo Ramazzini


Em um bar.
- Como ficou aquela história do perfume, hein?
- Qual?
- Aquela que tu chegaste perfumado em casa...
- Não te contei toda?
- Não! Não!
- Ah é! Lembrei... Tive que sair, né?
- Isso! Conta agora.
- Bom! Cara... Foi assim: quando eu abri a porta de casa, voltando do trabalho, a Mariana veio me recepcionar, como ela faz todos os dias...
- E daí?
- Aí ela sentiu cheiro de perfume de mulher em mim!
- Ai ai ai! E estava mesmo?
- Pior: eram mais de um cheiro!
- Capaz!
- Arãn!
- Meu Deus! Praticamente um réu confesso?
- Pois é...
- E aí?
- Aí começou a confusão...
- Eu só imagino!
- Não! Tu não imaginas! Porque tu não sabes o que ela fez...
- Conta!
- Primeiro, a Mariana começou naquela gritaria básica, me chamando de tudo que tu possas pensar... Dizendo que eu a estava traindo... Que eu não valia nada... Que estava na farra com um monte de vagabunda... Esse tipo de coisa...
- E tu?
- Fiz o básico: neguei né!
- E aí?
- Aí tentei acalmá-la, disse que não era nada daquilo...
- Mas ela não te ouviu?
- Exatamente! Nem uma palavra! E pior, passado o chilique inicial, ela foi ao nosso quarto e colocou todas as minhas roupas em uma mala...
- Te colocou para fora de casa?
- Arãn! Passei uma semana em um hotel até voltarmos...
- Tá! Mas conta para o teu amigo aqui: afinal, tu caíste “na noite aquele dia”? “No mundo das mulheres”?
- Aquele dia não! Isso foi o pior de tudo...
- Pára! Não precisa mentir pra mim.
- Pior que não mesmo!
- E o cheiro do perfume era de onde?
- Cara... Aquele dia... Eu sei que tu não vais acreditar, vais começar a rir! Mas aquele dia, antes de ir para casa, eu passei em uma loja de perfumes e a desgraçada da vendedora, mesmo eu dizendo que não, colocou um monte em mim... Dizendo: assim tu sentes melhor a fragrância!
- Ha ha ha! E tu queres que eu acredite nisso?
- Mas é sério!
- Ha ha ha! E por que não contou isso pra ela?
- Eu nem tentei! Se tu não estás acreditando, imagina se ela iria...
- Ha ha ha! Pelo menos comprou o perfume para a Mariana?
- Não!
- Por que não?
- Não era pra ela o perfume...


* Jornalista e contista gaúcho. 

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