sexta-feira, 1 de julho de 2016

Da série Ramazzini em um dia estressado com o cotidiano

* Por Rodrigo Ramazzini

Situação 1

Manhã. 09h15min. O reinaço natural desse turno do dia ainda vigora e é quando aquele zunido estridente entra rasgando no meu ouvido.
- Chip da Tim na promoçãããããão!, grita a vendedora do produto esticando o “ão”, que ecoa pelo túnel da estação rodoviária do trensurb de Porto Alegre, te deixando sem qualquer perspectiva de fuga do atentado sonoro. Pergunto-me na hora: por que quem trabalha com isto precisa ter a voz tão irritante, meu Deus? Me diz? Por quê? O que eu fiz para merecer isso a essa hora?

Situação 2

Banco Sicredi. Caixa eletrônico. Coloco o cartão no equipamento. Espero. O caixa ordena que eu tire o cartão. Eu obedeço prontamente. Espero. Espero mais um pouco. Espero mais um pouco ainda porque os caixas eletrônicos do Sicredi são lentos. Ok! Os do Bradesco são piores, eu sei... Mas voltando, aí vem a mensagem na tela do equipamento: “se o seu cartão é de chip insira-o novamente”. Pergunto-me na hora: caralho!!! Por que essa droga já não lê a merda do cartão de chip na primeira vez? Por quê? Por quê?

Situação 3

Rodoviária. Guichê de compra de passagem de Porto Alegre para Charqueadas. A atendente me informa que a imundícia do ônibus só tem lugar dali a 1h05min. Respiro. Tudo bem. O lado bom é que posso escolher a poltrona. Lasco a 39, uma janela. Quem não gosta de ir na janela, né? Espero. Passado o tempo é hora de embarcar. Uma fila se forma. Por educação, deixo as pessoas mais velhas e os ansiosos embarcarem primeiro (pela lógica e por uma questão de organização, quem tem poltrona na janela deveria embarcar primeiro). Embarco e no início do corredor dentro do ônibus já visualizo que tem alguém sentado no meu lugar lá no fundo. Poucos passos e chego na poltrona, faço aquela cara de “essa é minha” e informo que a poltrona 39 me pertence. Então, ouço a fatídica pergunta, que quem viaja diariamente neste trajeto inevitavelmente já ouviu ao menos uma vez:
- Tu não trocavas de poltrona comigo para eu poder ir ao lado da minha tia? A minha é a 2, no corredor, lá na frente....

Penso: puta que pariu! Não acredito! Xingo em pensamentos até a próxima quinta geração da pessoa. Respiro. Concordo para evitar mais stress, afinal, já fiquei estressado com a situação. Faço cara de poucos amigos e volto disputando espaço no estreito corredor com os passageiros que ainda estão embarcando....

É a vida!

Em tempo: calma! Não estou estressado. Só estou “gozando” com o nosso sofrido cotidiano.


* Jornalista e contista gaúcho.

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