O livro de ouro
* Por
Olivaldo Junior
O menino não sabia
mais onde havia posto seu livro de ouro. Aliás, nem sequer sabia que história
contava o tal livro, mas, como era de ouro, tinha-lhe guardado o sentido, a
essência, do escrito e sorria, feliz, quando se lembrava dele.
Revirou a casa
inteira, foi atrás do cachorro, que tinha aquela mania canina de levar e de
trazer coisas, como se, por isso, ganhasse uns gramas a mais de ração ao fim de
seu incansável dia de trabalhador. Nada, nem um osso encontrara...
"Pelo menos, fica
longe do computador enquanto isso...", falou a mãe à comadre, ao telefone,
sobre a busca incessante do filho ao livro de ouro que tanto queria. A comadre
quis saber se era mesmo de ouro, mas a mamãe não sabia.
Cansado, sem saber o
que fazer, tomou de um caderno novo, em branco, limpinho, resolvido a recriar
seu livro de ouro, tal como se lembrava dele. Por onde começar? Não se lembrava
direito da história... Pois bem, começou a escrever.
O pobre menino jamais
saberia que o livro de ouro estava dentro da mente de cada um, que jamais tinha
existido realmente e que, além disso, todos os escritos eram apenas uma
tentativa de, mais uma vez, encontrá-lo. Era uma vez...
*
Escritor paraibano
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