quinta-feira, 5 de maio de 2016

O livro de ouro


* Por Olivaldo Junior


O menino não sabia mais onde havia posto seu livro de ouro. Aliás, nem sequer sabia que história contava o tal livro, mas, como era de ouro, tinha-lhe guardado o sentido, a essência, do escrito e sorria, feliz, quando se lembrava dele.

Revirou a casa inteira, foi atrás do cachorro, que tinha aquela mania canina de levar e de trazer coisas, como se, por isso, ganhasse uns gramas a mais de ração ao fim de seu incansável dia de trabalhador. Nada, nem um osso encontrara...

"Pelo menos, fica longe do computador enquanto isso...", falou a mãe à comadre, ao telefone, sobre a busca incessante do filho ao livro de ouro que tanto queria. A comadre quis saber se era mesmo de ouro, mas a mamãe não sabia.

Cansado, sem saber o que fazer, tomou de um caderno novo, em branco, limpinho, resolvido a recriar seu livro de ouro, tal como se lembrava dele. Por onde começar? Não se lembrava direito da história... Pois bem, começou a escrever.

O pobre menino jamais saberia que o livro de ouro estava dentro da mente de cada um, que jamais tinha existido realmente e que, além disso, todos os escritos eram apenas uma tentativa de, mais uma vez, encontrá-lo. Era uma vez...

* Escritor paraibano


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