quinta-feira, 5 de maio de 2016

E o lixo?


* Por Paulo Reims


Quem não aprecia a limpeza, ver tudo no seu devido lugar...?
  
Você já se sentiu indignado ao ver lixo jogado em qualquer lugar, pior ainda, por ver gente jogando lixo no chão, sem o menor escrúpulo?
  
Existem pessoas e povos privilegiados por princípios éticos, sentimentos de respeito para com o ecossistema, para com todas as criaturas. São aportes que vêm do “berço”; fazem parte indissociável da personalidade. É muito bom estar e conversar com este tipo de gente que tem nobreza de caráter, sensibilidade pela vida em todas as dimensões. Há muita gente que sabe que faz parte do todo, ou seja, que é um com o universo, e por conta disso o trata bem, pois sabe que está fazendo o bem, antes de tudo, para si próprio.
  
O respeito pela natureza, evidentemente, não consiste apenas em não jogar lixo em qualquer lugar. Ele começa quando vencemos a compulsão em querer e adquirir tudo o que nossos olhos vêem. Recordo-me de um passeio que fazia pelos Alpes Italianos com outras pessoas amigas e, de repente, avistei uma florzinha; ela era simples e linda e queria tê-la comigo, e a apanhei. Fui surpreendido com uma repreensão de uma amiga, que também me lembrou que se houvesse ali um guarda florestal eu seria multado. Fiquei triste comigo mesmo, pois além da florzinha secar mais rapidamente e deixar de embelezar aquele ambiente, outras pessoas ficaram privadas de apreciar a sua beleza. Faz muitos anos; pedi um perdão holístico, a lição continua valendo, e sempre que tenho oportunidade eu planto árvores e flores, contribuindo para que o planeta recupere sua beleza original, e para tornar o caminho de tanta gente menos árduo.
  
Portanto, o respeito pelo planeta começa quando eu disciplino o meu ser e o meu agir, quando busco aquilo que é verdadeiramente necessário, e o mais saudável possível. Daí a necessidade de valorizarmos e fomentarmos a agroecologia.
  
É preocupante a produção, em larga escala, de agrotóxicos que poluem o ar, a água e a terra e, consequentemente, nos adoecem também. Quantos cânceres provenientes da ingestão de produtos contaminados! Venenos que em outros países são de comercialização proibida, aqui continuam entrando, infelizmente, para produzir e lucrar mais e mais...
  
Existem preocupações dos dirigentes das nações em proporcionar vida com qualidade para todos, mas está mais na teoria, a prática está muitíssimo aquém das metas.
  
Há muita gente que só vai descobrir que não se come dinheiro, quando todas as águas estiverem poluídas e todas as árvores forem derrubadas. É o tipo de gente que não pensa no seu fim, preocupada somente em ter, esquece de que está apressando o seu próprio fim e o fim do planeta que geme, grita, chora, vomita e agoniza; esta é a leitura simbólica que podemos fazer das constantes enchentes, deslizamentos, chuva demais ou de menos, furacões, terremotos, vulcões... E apesar de todos os nossos modos insustentáveis de agir para com  ele, continua nos sustentando, qual mãe que não abandona seus filhos rebeldes. Até quando?
  
Baseada na Lei Municipal 3273/2001, a cidade do Rio de Janeiro iniciou o programa Lixo Zero, que prevê multas que vão de R$ 157,00 até  R$ 3.000,00 para quem jogar lixo no chão.
  
O antigo ditado de que quem não aprende pelo amor, aprende pela dor, tem muito de verdadeiro. Quando a dor bate no “bolso” a pessoa toma consciência com facilidade.
  
Este programa deveria ser aplicado em toda parte, sem deixar de lado os programas educativos nas escolas e na imprensa.
  
Os governantes deveriam investir mais em projetos educativos referentes ao meio ambiente, pois não podemos, como alguém já disse, nos preocupar apenas com o mundo que vamos deixar para nossos filhos, mas sobretudo com os filhos que vamos deixar para o mundo.
  
Quando estivermos prestes a jogar lixo no chão, olhemos para os lados, para cima, e percebamos que todo o universo nos olha, não para nos aplicar multas, mas de forma carinhosa, conspirando a nosso favor para que tenhamos atitudes dignas de seres humanos que respeitam a si mesmos e a todos os outros seres.


* Jornalista

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