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Fissura
* Por Núbia Araujo Nonato do Amaral
Vancleysson sabia a hora certa em que Renilce acordava. A hora em que ela lavava as roupas, em que cozinhava o feijão e a hora que ele mais gostava e que fazia a sua alegria de voyeur: a hora em que ela tomava banho de sol na laje.
- Elaiá! - dizia ele, estalando a língua.
Sua musa não era uma sumidade em beleza, mas tinha o que para ele era a coisa mais bela em uma mulher, ancas grandes e um traseiro generoso. Esse era o maior sonho de consumo de Vancleysson: ser o titular daquele belo traseiro. E, assim ele consumia todos os minutos de sua vida, sonhando em um dia possuí-la.
Alguns anos se passaram e Vancleysson definhava a olhos vistos tamanha era a sua fissura por Renilce. Em um domingo, enquanto os homens batiam a laje da vizinha, o companheiro de Renilce perdeu o equilíbrio e despencou do telhado, batendo as botas logo em seguida. Os amigos de Vancleysson, sabedores da sua paixão, trataram logo de unir os dois.
Na tão sonhada e idealizada noite de núpcias, ele cochichou-lhe aos ouvidos, o rosto de sua doce Renilce desapareceu por alguns segundos, depois de levar um jab de esquerda. Mas Vancleysson era pior do que "pau de dar em doido" e aos poucos foi se acostumando com os socos de sua amada.
Em uma noite, depois do milionésimo pedido, Renilce não lhe bateu, pelo contrário, disposta a experimentar, pediu, apenas que ele apagasse a luz. Cidoca, a vizinha do lado, acordou apavorada com a gritaria na madrugada.
Vancleysson, que havia engordado um pouco, voltou a secar. Renilce cochichava em seu ouvido todas as noites. O infeliz, cansado, bem que tentava declinar, mas ela levantava os punhos e as luzes se apagavam. A vizinha do lado? Está alugando o seu puxadinho.
* Poetisa, contista, cronista e colunista do Literário
* Por Núbia Araujo Nonato do Amaral
Vancleysson sabia a hora certa em que Renilce acordava. A hora em que ela lavava as roupas, em que cozinhava o feijão e a hora que ele mais gostava e que fazia a sua alegria de voyeur: a hora em que ela tomava banho de sol na laje.
- Elaiá! - dizia ele, estalando a língua.
Sua musa não era uma sumidade em beleza, mas tinha o que para ele era a coisa mais bela em uma mulher, ancas grandes e um traseiro generoso. Esse era o maior sonho de consumo de Vancleysson: ser o titular daquele belo traseiro. E, assim ele consumia todos os minutos de sua vida, sonhando em um dia possuí-la.
Alguns anos se passaram e Vancleysson definhava a olhos vistos tamanha era a sua fissura por Renilce. Em um domingo, enquanto os homens batiam a laje da vizinha, o companheiro de Renilce perdeu o equilíbrio e despencou do telhado, batendo as botas logo em seguida. Os amigos de Vancleysson, sabedores da sua paixão, trataram logo de unir os dois.
Na tão sonhada e idealizada noite de núpcias, ele cochichou-lhe aos ouvidos, o rosto de sua doce Renilce desapareceu por alguns segundos, depois de levar um jab de esquerda. Mas Vancleysson era pior do que "pau de dar em doido" e aos poucos foi se acostumando com os socos de sua amada.
Em uma noite, depois do milionésimo pedido, Renilce não lhe bateu, pelo contrário, disposta a experimentar, pediu, apenas que ele apagasse a luz. Cidoca, a vizinha do lado, acordou apavorada com a gritaria na madrugada.
Vancleysson, que havia engordado um pouco, voltou a secar. Renilce cochichava em seu ouvido todas as noites. O infeliz, cansado, bem que tentava declinar, mas ela levantava os punhos e as luzes se apagavam. A vizinha do lado? Está alugando o seu puxadinho.
* Poetisa, contista, cronista e colunista do Literário
Nubia, interessante o texto! Recheado de paixão e humor! Parabéns! Beijos!
ResponderExcluirQuando mistério! Preciso urgente ter aulas de sexo bizarro, alternativo ou complementar. O resultado do seu texto, é que, do mesmo jeito que Vancleysson, seus leitores não tiraram os olhos do lugar.
ResponderExcluirSayonara
ResponderExcluirMara
Obrigado pela delicadeza em comentar.
Beijos
núbia quanto prazer eu tenho ao ler teus textos,teus poemas,tudo o que escreve envolve a gente.E dessa vez não foi diferente.
ResponderExcluirBeijos do teu fã
Edu, meu querido amigo, obrigado.
ResponderExcluirBeijos
Este conto é rico principalmente por sugerir mais do que dizer. Adorei, Nubia!
ResponderExcluirBeijos
Da alma da poetisa brotam doçuras e bizarrices,muitas vezes escondidas nas entrelinhas.
ResponderExcluirSeus poemas denotam sensibilidade e nos levam a viajar em nossa imaginação.
Parabéns!Está cada vez melhor!
Beijos