Hurricane
* Por Alberto Cohen
“Nenhum homem será prisioneiro
se estiver liberto dentro de si mesmo”.
(Rubin “Hurricane” Carter, pugilista e escritor,
negro, encarcerado 22 anos por um crime
que não cometeu).
Estive preso toda a minha vida. Tradições, costumes, normas, imposições, fizeram-me refém de esperanças e expectativas que não eram minhas, porém me foram tatuadas na alma, como aqueles números que substituem nomes de prisioneiros, suprimindo-lhes a verdadeira identidade.
Nadei oceanos e escalei montanhas, escravo da busca incessante e interminável do sucesso e da ascensão econômica e social impostos desde o nascimento. Apenas um robô, sósia na aparência do verdadeiro eu esquecido num alcatraz qualquer pelo crime de ser o original.
Degraus subidos e metas alcançadas distanciavam-me cada vez mais de mim como devia ter sido; dúvidas e insatisfações escondiam-se atrás de bens de consumo sofregamente amealhados; ternos de grifes e sapatos importados levavam-me por caminhos que, no cárcere, eu sabia não eram os predestinados.
De repente o caos, depois a luz: Grades arrebentadas, asas levando bem alto, acima de muros e preceitos. Fugitivo da prisão de mais de meio século, eu era livre e único, enfim. Triste às vezes, solitário sempre, mas embevecido com a maravilhosa e sacrossanta missão de ser poeta.
• Escritor
* Por Alberto Cohen
“Nenhum homem será prisioneiro
se estiver liberto dentro de si mesmo”.
(Rubin “Hurricane” Carter, pugilista e escritor,
negro, encarcerado 22 anos por um crime
que não cometeu).
Estive preso toda a minha vida. Tradições, costumes, normas, imposições, fizeram-me refém de esperanças e expectativas que não eram minhas, porém me foram tatuadas na alma, como aqueles números que substituem nomes de prisioneiros, suprimindo-lhes a verdadeira identidade.
Nadei oceanos e escalei montanhas, escravo da busca incessante e interminável do sucesso e da ascensão econômica e social impostos desde o nascimento. Apenas um robô, sósia na aparência do verdadeiro eu esquecido num alcatraz qualquer pelo crime de ser o original.
Degraus subidos e metas alcançadas distanciavam-me cada vez mais de mim como devia ter sido; dúvidas e insatisfações escondiam-se atrás de bens de consumo sofregamente amealhados; ternos de grifes e sapatos importados levavam-me por caminhos que, no cárcere, eu sabia não eram os predestinados.
De repente o caos, depois a luz: Grades arrebentadas, asas levando bem alto, acima de muros e preceitos. Fugitivo da prisão de mais de meio século, eu era livre e único, enfim. Triste às vezes, solitário sempre, mas embevecido com a maravilhosa e sacrossanta missão de ser poeta.
• Escritor
Uma linda mas incompreendida
ResponderExcluirmissão.
Solitários? Sim, mas inteiros
e apaixonados.
Abraços