terça-feira, 19 de outubro de 2010




No descampado de uma árvore

* Por Talis Andrade

Seca braba
no sertão
Os macacos
seguiam os passos
do Capitão

Seca braba
no sertão
Os macacos reviviam
os tempos de caça
a Lampião

Seca braba
no sertão
Os danados cercaram
os povoados
Os danados traziam o fogo
o enxofre
a fúria demoníaca
que derrubou
os arruados
de Canudos

No rasto dos sonhos
encontraram Lamarca
descansando sob uma árvore

Era uma seca
braba
Um sol
de secar a alma

No descampado
do sertão
uma árvore
preservou-se verde
para oferecer
a amena sombra

Era uma seca
braba
Um homem
contra um exército de cabras
cegos de ódio e sangue

Um homem
na vastidão do sonho
Um homem
e uma árvore
Uma árvore
como escudo
e sombra


* Jornalista, poeta, professor de Jornalismo e Relações Públicas e bacharel em História. Trabalhou em vários dos grandes jornais do Nordeste, como a sucursal pernambucana do “Diário da Noite”, “Jornal do Comércio” (Recife), “Jornal da Semana” (Recife) e “A República” (Natal). Tem 11 livros publicados, entre os quais o recém-lançado “Cavalos da Miragem” (Editora Livro Rápido).

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