sexta-feira, 15 de outubro de 2010




O resgate*

** Por Rodrigo Ramazzini

No banheiro. Dois meninos estão olhando para dentro da privada, quando a porta é aberta repentinamente.

- O que vocês estão fazendo aí?
- Nada, mãe!
- Nada, tia!

A dupla vira-se e fica lado a lado, tapando a visão para a privada.

- Como nada?
- Assim... Nada, mãe!
- É, tia!
- O que vocês estão escondendo aí atrás?
- Nada!
- Nadinha, tia!
- Vocês acham que eu sou boba, é? Fora daí! Fora! Fora! Me deixem ver!

Os dois com expressões de réus confessos trocam olhares e apenas movem-se um passo para o lado, um para a esquerda e o outro para a direita, abrindo o caminho. Quando deixam a visão para a privada livre, ecoa o questionamento.

- Mas o que é isso? Meu Deus!
- Ué! Um gatinho, tia!
- Isso eu sei, criatura! De onde vocês tiraram esse bicho?
- Da rua, mãe...
- Mas por que vocês fizeram isso com o bichinho?
- É que a gente estava... estava... estava dando banho nele, mãe!
- Meu! Acho melhor contar a verdade...
- Podem tirar ele daí, agora! Onde já se viu dar banho em gato com a água da privada!
- Meu! Conta a verdade...
- Tá bem! Na verdade mãe a gente não estava dando banho no gato... a gente estava esperando ele fazer o número dois...
- Ah, meu filho! Mas não é assim que se ensina gato a fazer o número dois. Tem que fazer um local apropriado, colocando areia, essas coisas. Não na privada, meu filho!

Então, confessando a verdadeira intenção da operação armada, revela.

- Isso eu sei, mãe! Mas é que a gente não achou um jeito melhor de resgatar a nossa bolinha de gude que o gato comeu junto com um pão!

* Uma homenagem atrasada pela passagem do Dia das Crianças.

** Jornalista

4 comentários:

  1. Bichinho danado pra fazer m é criança...
    Se fosse enumerar as que fiz...
    Texto doce, delicado e cheio de traquinagens.
    Adorei Ramazzini!
    Abração e bom fim de semana.

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  2. Crianças! Crianças! Crianças!

    Muito obrigado, Núbia!

    Aquele abraço!

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  3. Fui uma menina muito danada. Seria capaz de coisa semelhante, mas sem tortutar o bichinho.

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  4. Mara,

    Asseguro que não foi experiência própria!

    Há! Há! Há!

    Muito obrigado pelo comentário!

    Aquele abraço!

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