Pernambuco em chamas - A Pedrosada
* Por Marco Albertim
(Resenha – 2ª parte)
* Por Marco Albertim
(Resenha – 2ª parte)
Por ter participado da Revolução de 1817, Gervásio Pires foi condenado a quatro anos de prisão, cumpridos na Bahia. O fato curioso é que, conforme os autores, não pronunciou uma palavra durante o confinamento – daí o apelido de Mudo. Em que pese ter sido considerado um governante fraco, Pires, na liderança da Junta Governativa, não conteve os sentimentos antilusitanos em Pernambuco. Frente às hostilidades entre proprietários de engenhos e comerciantes portugueses, decide pela retirada das forças militares. Franca rebeldia, posto que são destruídas as fortificações levantadas pelo antigo governador, Rego Barreto.
Isto, reconhecendo D. Pedro chefe do Executivo no Brasil mas sem vínculo com Portugal. À Corte parece, contudo, que a Junta local defende ideias republicanas. José Bonifácio de Andrada e Silva é hábil articulador da Independência, inda que defenda a administração monárquica dirigindo um Brasil unitário. Conspira para depor Pires.
O estopim foi o Grito do Ipiranga. O capitão Pedro da Silva Pedroso, governador das armas, encabeça o levante que se conhece como Pedrosada. Pires, conforme os revoltosos, enviara ofício a D. Pedro censurando a tropa e o povo amotinados. Com prestígio entre o povo, Pedroso obriga Gervásio Pires a embarcar para o Rio de Janeiro. Pires desembarca na Bahia, é preso e remetido a Portugal para responder a processo pelos atos de rebeldia.
É eleito o Governo dos Matutos, assim chamado por conter proprietários rurais. Pedroso fica no comando das armas, graças ao apoio de batalhões populares. No governo há morgadistas e republicanos. Os primeiros defendem a propriedade para o filho primogênito, alinham-se com D. Pedro. Os segundos pregam a separação de Pernambuco. Pedroso, mulato, tem o apoio dosMonta-brechas, tropas de negros; e dos Bravos da pátria, militares mulatos. Suspeita-se que Pedroso quer reproduzir o que ocorrera no Haiti, onde negros e mulatos tomaram o poder. Insuflados pelo chefe, negros e mulatos chamam os brancos de caiados. A trova dizia: Marinheiros e caiados/Todos devem se acabar/Porque só pardos e pretos/O país hão de habitar.
Com a prisão de um oficial a ele ligado, Pedro da Silva subleva Brechas e Bravos – 3º e 4º Batalhão de Milícias. Oito dias de sedição nas ruas do Recife, de 21 a 28 de fevereiro de 1823. Derrotados os rebeldes, Pedroso é preso e enviado ao Rio de Janeiro. O arroubo generoso perde para a aristocracia canavieira. A instabilidade continua. O governo é presidido por Manuel de Carvalho Paes de Andrade, egresso da Revolução de 1824. Andrade declara Pedro I traidor. É lançada a Confederação do Equador.
Obs.: “Pernambuco em chamas”, por se tratar de compêndio de grossa lombada, com abundância de informações, será abordado aqui por partes. O volume de informações é tamanho que torna alto o risco de omissões numa simples e solitária resenha.
* Jornalista e escritor. Trabalhou no Jornal do Commércio e Diário de Pernambuco, ambos de Recife. Escreveu contos para o sítio espanhol La Insignia. Em 2006, foi ganhador do concurso nacional de contos “Osman Lins”. Em 2008, obteve Menção Honrosa em concurso do Conselho Municipal de Política Cultural do Recife. A convite, integra as coletâneas “Panorâmica do Conto em Pernambuco” e “Contos de Natal”. Tem dois livros de contos e um romance.
Isto, reconhecendo D. Pedro chefe do Executivo no Brasil mas sem vínculo com Portugal. À Corte parece, contudo, que a Junta local defende ideias republicanas. José Bonifácio de Andrada e Silva é hábil articulador da Independência, inda que defenda a administração monárquica dirigindo um Brasil unitário. Conspira para depor Pires.
O estopim foi o Grito do Ipiranga. O capitão Pedro da Silva Pedroso, governador das armas, encabeça o levante que se conhece como Pedrosada. Pires, conforme os revoltosos, enviara ofício a D. Pedro censurando a tropa e o povo amotinados. Com prestígio entre o povo, Pedroso obriga Gervásio Pires a embarcar para o Rio de Janeiro. Pires desembarca na Bahia, é preso e remetido a Portugal para responder a processo pelos atos de rebeldia.
É eleito o Governo dos Matutos, assim chamado por conter proprietários rurais. Pedroso fica no comando das armas, graças ao apoio de batalhões populares. No governo há morgadistas e republicanos. Os primeiros defendem a propriedade para o filho primogênito, alinham-se com D. Pedro. Os segundos pregam a separação de Pernambuco. Pedroso, mulato, tem o apoio dosMonta-brechas, tropas de negros; e dos Bravos da pátria, militares mulatos. Suspeita-se que Pedroso quer reproduzir o que ocorrera no Haiti, onde negros e mulatos tomaram o poder. Insuflados pelo chefe, negros e mulatos chamam os brancos de caiados. A trova dizia: Marinheiros e caiados/Todos devem se acabar/Porque só pardos e pretos/O país hão de habitar.
Com a prisão de um oficial a ele ligado, Pedro da Silva subleva Brechas e Bravos – 3º e 4º Batalhão de Milícias. Oito dias de sedição nas ruas do Recife, de 21 a 28 de fevereiro de 1823. Derrotados os rebeldes, Pedroso é preso e enviado ao Rio de Janeiro. O arroubo generoso perde para a aristocracia canavieira. A instabilidade continua. O governo é presidido por Manuel de Carvalho Paes de Andrade, egresso da Revolução de 1824. Andrade declara Pedro I traidor. É lançada a Confederação do Equador.
Obs.: “Pernambuco em chamas”, por se tratar de compêndio de grossa lombada, com abundância de informações, será abordado aqui por partes. O volume de informações é tamanho que torna alto o risco de omissões numa simples e solitária resenha.
* Jornalista e escritor. Trabalhou no Jornal do Commércio e Diário de Pernambuco, ambos de Recife. Escreveu contos para o sítio espanhol La Insignia. Em 2006, foi ganhador do concurso nacional de contos “Osman Lins”. Em 2008, obteve Menção Honrosa em concurso do Conselho Municipal de Política Cultural do Recife. A convite, integra as coletâneas “Panorâmica do Conto em Pernambuco” e “Contos de Natal”. Tem dois livros de contos e um romance.
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