sábado, 16 de outubro de 2010


Simplesmente eu, Clarice Lispector

* Por Fabiana Bórgia


Ontem fui ver "Simplesmente eu, Clarice Lispector", monólogo de Beth Goulart, que interpreta muito bem a escritora.
Tudo o que diz respeito à escritora me interessa. Não pela literatura em si, mas por ela mesma, pela maneira singular como ela enxergava o mundo, por sua maneira de ser.
Quando leio Clarice, algo dentro de mim se volta para o meu "eu" interior mais absoluto, profundo, minha verdadeira essência.
Quando eu leio Clarice, eu me sinto verdadeiramente eu, livre, sem padrões, como a própria dizia, como um cavalo novo.
Eu também escrevo sensações. Por vezes, tento ficar mais atenta à realidade, como modo de me encaixar e aceitar a vida como ela simplesmente se apresenta. No entanto, quase nunca isso é possível.
Há momentos em que estou numa conversa séria, prestando atenção numa pessoa, mas o pensamento vai para bem longe dali. E não é falta de interesse. Nem de educação. Eu apenas divago, sem querer, sem perceber. Eu viajo. Eu alucino por ideias intermináveis que se passam em minha mente. São tantos os pensamentos, que parece que aquilo nunca vai acabar, que minha vida é apenas um sopro.
Acredito que todos nós temos um pouco disso. Uns mais, outros menos. Mas quando leio Clarice, sinto que posso ser compreendida. E o melhor: sem precisar me explicar.

• Escritora por vocação e advogada por formação. Paulista por natureza e carioca por estado de espírito. Engenheira de sonhos: alguém em eterna construção. Autora do livro “Traços de Personalidade”

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