Viver
não é tudo
* Por
Alcides Buss
Você
me diz:
feliz
ano novo.
Eu
lhe digo:
não
deixe morrer
o
ano que terminou.
Não
deixe perder-se
no
vazio inexorável
a
fonte do amor.
Não
deixe que se vá
o
sentido de existir:
cumprir
à risca
o
que exige a vida.
Você
me diz:
tampouco,
você, não descuide
dos
azares da sorte.
Viver
é romper fronteiras
entre
a morte e a vida;
entre
o que é
e
o que não é.
Eu
lhe digo:
sejamos
pois o que somos
– há
um pouco de cada um em todos.
Arremessemos
ao futuro
esse
poder de sonhar,
de
sorrir, de chorar, de gritar
e
este poder imenso
de
cantar.
Acolha-nos
o tempo
como
quem, à maneira da Terra,
faz
germinar
o
que seremos.
*
Professor universitário e poeta
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