sábado, 6 de maio de 2017

Cena 1


* Por Edmundo Pacheco


O dia amanheceu sem grandes atrativos.  Nuvens carregadas insinuavam que choveria a qualquer momento. Um vento cortante soprava do sul, uma garoa fina e gelada trazia a sensação térmica do pólo norte. Edson parou à porta do hotel, puxou a gola do casaco, tentando adivinhar se choveria ou não.
Por um instante, um frio lhe socou o estômago: aqueles homens ainda podiam estar em seu encalço. Lembrou-se do som dos tiros. Da dor lancinante e do frio silencioso da morte.

Olhou ao redor, tentando encontrá-los, mas não viu ninguém. Resolveu arriscar e seguir seu caminho. Estava disposto a conseguir a primeira passagem para o primeiro ônibus que o levasse de volta para casa.
Das marquises das lojas pingos gelados ameaçavam que passasse por baixo, ou tentasse cruzá-los.
Edson estava novamente vivo, por mais incrível que isso pudesse parecer...

*Jornalista, editor-chefe da TV Guairaca (afiliada Globo) Guarapuava, PR



Nenhum comentário:

Postar um comentário