A
adormecida
* Por
Paul Valéry
Que
segredo incandesces no peito, minha amiga,
Alma por doce máscara aspirando a flor?
De que alimentos vãos teu cândido calor
Gera essa irradiação: mulher adormecida?
Alma por doce máscara aspirando a flor?
De que alimentos vãos teu cândido calor
Gera essa irradiação: mulher adormecida?
Sopro,
sonhos, silêncio, invencível quebranto,
Tu triunfas, ó paz mais potente que um pranto,
Quando de um pleno sono a onda grave e estendida
Conspira sobre o seio de tal inimiga
Tu triunfas, ó paz mais potente que um pranto,
Quando de um pleno sono a onda grave e estendida
Conspira sobre o seio de tal inimiga
Dorme,
dourada soma: sombras e abandono.
De tais dons cumulou-se esse temível sono,
Corça languidamente longa além do laço,
De tais dons cumulou-se esse temível sono,
Corça languidamente longa além do laço,
Que
embora a alma ausente, em luta nos desertos,
Tua forma ao ventre
puro, que veste um fluido braço,
Vela, Tua forma vela, e meus olhos: abertos.
Vela, Tua forma vela, e meus olhos: abertos.
(tradução:
Augusto de Campos)
*
Filósofo,
professor e poeta, um dos principais expoentes do Simbolismo.
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