Casamentices
* Por
Flora Figueiredo
Gosto quando de manhã
você vem me beijar
cheirando a creme de barbear
e pasta de hortelã.
Você me adula, mordisca, me encabula.
Finjo um descaso e o desconcerto
pra você então chegar mais perto e me desatinar.
Num compasso de perfeita maestria,
inauguramos outra vez o dia
só para amar.
In florescência, 1987
* Poetisa, cronista, compositora e tradutora, autora de “O trem que traz
a noite”, “Chão de vento”, “Calçada de verão”, “Limão Rosa”, “Amor a céu
aberto” e “Florescência”; rima, ritmo e bom-humor são características da sua
poesia. Deixa evidente sua intimidade com o mundo, abraçando o cotidiano com
vitalidade e graça - às vezes romântica, às vezes irreverente e turbulenta.
Sempre dentro de uma linguagem concisa e simples, plena de sutileza verbal,
seus poemas são como um mergulho profundo nas águas da vida.
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