quarta-feira, 19 de abril de 2017

Nosso pé de laranja


* Por Francisco Simões


Há alguns anos quando Lena plantou aquele pé de laranja não julgamos que fosse vingar. Tínhamos dúvidas. O tempo foi passando, passando e ele continuava “anão”, sem nos animar a pensar que viesse um dia a nos presentear com tanta laranja-pêra.

Comparando com outras árvores que ela plantara e cujos frutos já colhíamos, além da imensa e variada horta que ela sempre cuidou com muito carinho e talento, a laranjeira no começo não nos entusiasmou.

Até abóbora Lena já plantara e de forma bem rasteira ela rápido cresceu, se espalhou, a ponto de colhermos inúmeras e distribuirmos com parentes e vizinhos mais próximos. Lembro que escrevi uma foto crônica sobre aquela imensa aboboreira. Ela chegou a invadir quase todo nosso gramado indo até a porta de entrada da casa.

Enquanto isso Lena reestruturou toda a horta e passamos a colher vários legumes, hortaliças, tudo sem agrotóxico, tendo apenas o estrume natural em sua infra-estrutura.

Os legumes retirados da nossa horta são bem diferentes dos que compramos no Hortifruti ou no supermercado, pois lá se vê claramente que eles chegam a ter até cores antinaturais ou exageradas.

Já perceberam o tamanho de certas cenouras e sua cor carregada, quase vermelha? Isso para nem falar em frutas como as bananas de tamanho enorme, completamente diferente das tratadas ao natural.

Mas o nosso pé de laranja, plantado há pouco mais de dois anos, crescia bem devagar. A partir de certo momento, entretanto a laranjeira começou a se desenvolver mais rápido, passou a “ganhar corpo”, parecendo que em mais algum tempo alcançaria a altura dos dois muros próximos.

Realmente não deu outra, de repente quando vimos, ele já estava à altura do muro que dá para a rua e continuando a subir. Mais um pouco de tempo e ele alcançou o muro que nos separa do vizinho da esquerda. Nosso pé de laranja pêra alcançava, digamos assim, a “maturidade”.

O perigoso é nos aproximarmos muito sem prestar a devida atenção, pois os espinhos, em cada galho, são muitos e grandes demais. Mesmo assim a laranjeira já abrigou vários ninhos de pássaros aqui da Natureza com que convivemos na maior paz.

Quando começaram a surgir os primeiros frutos foi uma festa. Toda orgulhosa Lena fazia questão de colhê-los e provar. As laranjas são bem doces. O sucesso daquela iniciativa começava a ser garantido.

Nossos netos adoraram, pois eles gostam muito de laranja pêra. Hoje a árvore já cresceu bastante tanto para cima quanto para os lados como poderão confirmar nas fotos.

Numa delas podem ver facilmente pelo menos umas doze laranjas. Eu não consegui um ângulo mais abrangente para mostrar todas as frutas. Se olharmos pelo outro lado da laranjeira percebe-se que há mais laranjas peras ainda.

Por essa e por outras dou muito valor a morar em casa. Aliás, desde que eu nasci morei em casa (e que casa...) durante minha infância e juventude em Belém. Só quando vim para o Rio tive que aprender a morar em apartamento.

Preciso acrescentar que antes, por longos três anos, depois de amarga experiência, sozinho, com pouco dinheiro, tive que viver em quartos de apartamentos de terceiros, até em quarto de empregada. A vida é uma grande escola. Prefiro aprender com meus erros que com o sucesso de outros.

Voltando à laranjeira, tema deste texto, ela é mais um símbolo de alegria e também de sucesso de iniciativas de Marlene no que se refere a plantações. As laranjas são bem doces. Elas “rivalizam” com as muitas mangas que nossa mangueira anda exuberantemente nos oferecendo nesta fase.

Em matéria de frutas, as duas bananeiras e a árvore de acerolas no momento estão, digamos, “em férias” de produção. Em compensação a horta de Lena, incluindo aí as plantações de ervas variadas, pimentas, etc, estão transbordantes em matéria de produção.

Para encerrar, vocês sabiam que tanto a laranjeira como a mangueira são árvores de origem asiática? Pois é. E agora vou dar uma parada para chupar uma das laranjas pêra de Lena que além da vitamina C pura nos oferece uma delícia de suco geladinho neste dia de calor, coisa rara neste verão. Falei e disse.


* Jornalista, poeta e escritor.



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