domingo, 30 de abril de 2017

Mark Twain e o Cometa de Halley



O escritor norte-americano Samuel Clemens, que se consagrou com o pseudônimo de Mark Twain e cujo sesquicentenário de nascimento transcorreu em 1985, teve, entre tantas particularidades na vida, uma especialmente interessante. Tratou-se, provavelmente, de uma coincidência – poucas vezes citada por seus vários biógrafos –, que por sinal se repetiu mais uma vez, 76 anos depois da sua morte, ocorrida em 1911.

O criador de personagens como Tom Sawyer, Huckleberry Finn e tantos outros, familiares especialmente aos jovens de várias partes do mundo, nasceu quando o Halley começou a se tornar visível no céu, em fins de 1835. E Mark Twain morreu exatamente 76 anos depois, quando o mesmo cometa passou de novo pelo Sistema Solar. Essa “coincidência” (e várias outras) foi tratada com grande maestria pelo escritor (e amigo) Edir Araujo, em seu romance “A passagem dos cometas”

Tal circunstância, conforme Mark Twain gostava de dizer, tornava-o um ser humano “muito especial”. Achava que por isso (e não só pelo seu reconhecido e enorme talento) estava predestinado à glória e à fama, sujeito à admiração e à estima de milhões de leitores, posto que não fadado à fortuna. Superstição? Talvez!

Grande parte dos adolescentes, de várias partes do mundo, fazem, ainda hoje, sua iniciação na leitura com as obras de Mark Twain. Numa comparação – um tanto forçada, mas ainda assim válida –, podemos afirmar que ele foi uma espécie de Monteiro Lobato norte-americano (ou vice-versa, pois o autor do Sítio do Pica-pau Amarelo nasceu quase meio século depois de Samuel Clemens).

Uma das características marcantes de Twain foi o seu senso de humor, que transportou, com grande maestria e talento, para seus personagens, dando-lhes naturalidade, humanidade e, sobretudo, autenticidade. Entre seus livros de maior sucesso destacam-se: “As Aventuras de Tom Sawyer”, “Huckleberry Finn” e “O Príncipe e o Mendigo”, todos três transformados em filmes de grande bilheteria por produtores de Hollywood.

Samuel Clemens, filho do juiz John Clemens, nasceu e cresceu na pequena cidade de Hannibal, Estado do Missouri, a 208 quilômetros de Saint Louis, às margens do Mississippi. O rio acabou sendo, na verdade, mais do que mero cenário dos seus romances, o principal “personagem” das suas histórias.

Mark Twain teve – a exemplo do nosso Machado de Assis – a “vida” como principal escola. Foi forçado pelas circunstâncias a abandonar os estudos muito cedo, aos 12 anos de idade, em conseqüência da morte do pai. Autodidata, tornou-se, no entanto, um dos mais refinados, hábeis e lidos escritores norte-americanos de todos os tempos.

Sua educação – ele próprio costumava dizer – bem como o seu jeitão afável e bem-humorado, foram forjados na estreita convivência com os barqueiros do Mississippi. São célebres (e geniais) suas “tiradas”, especialmente sobre a importância do dinheiro, citadas, freqüentemente, ainda hoje, por escritores, jornalistas e intelectuais de todas as áreas, no seu país e em tantas outras partes do mundo.

Tal foi a sua ligação com o mais extenso e caudaloso rio dos Estados Unidos, e com tudo o que lhe dissesse respeito, que o pseudônimo, “Mark Twain”, se originou de uma gíria utilizada pelos barqueiros da região, que significa “marque aos pares”. Trata-se de uma expressão que é usada quando se verifica a profundidade de um curso de água, para evitar que os barcos encalhem em bancos de areia.

Clemens fez um pouco de tudo para sobreviver, antes de se tornar o escritor famoso e bem sucedido em que se transformou. Foi piloto de barcaças, mineiro, soldado, impressor, humorista, jornalista, contador de histórias etc., entre tantas coisas.

Sua estreia em literatura ocorreu em 1863, com 28 anos de idade, ocasião em que adotou o pseudônimo com o qual ficou conhecido. A primeira vez que usou o nome Mark Twain foi em um artigo, publicado no jornal “The Virgínia City Enterprise”, em fevereiro daquele ano.

O primeiro livro de Samuel Clemens foi “Forty-three days in a Open Boat”, lançado em 1866. Desde então, seus romances se sucederam e o sucesso foi crescente. Mark Twain, no entanto, não era nem um pouco modesto. Confidenciou, por exemplo, aos amigos, que sua maior ambição na vida era a de ser “a pessoa mais notável do mundo”. Com certeza não chegou a tanto, mas se aproximou bastante disso.

Ernest Hemingway costumava dizer que “Huckleberry Finn foi o primeiro, e possivelmente o mais importante, de todos os romances escritos nos Estados Unidos”. Não foi por acaso, portanto, que as maiores universidades norte-americanas concederam a Mark Twain, genial autodidata, títulos de “doutor honoris causa”. Entre estas, destacam-se as de Oxford, Yale e a do Missouri.

O sesquicentenário do nascimento de Samuel Clemens (em outra passagem envolvendo o Halley), transcorreu em 30 de novembro de 1985, quando o cometa estava despontando de novo no céu, em sua periódica “visita”, que se repete há cada 76 anos, ao Sistema Solar! Coincidência? Quem sabe...?


Boa leitura!



O Editor.


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