terça-feira, 18 de abril de 2017

A força da leitura


* Por Wanderlino Arruda


A força do hábito que se transforma em rito; o dever; passatempo ou prazer; melhor conhecimento e compreensão da atualidade; satisfação ou interesse pessoal imediato; atendimento às necessidades práticas da vida; satisfação de uma necessidade de distração, etc., etc.; de Ralph C. Staiger, publicado pela Unesco, em 1979, indica para alguém mergulhar-se ou apenas sobrenadar no atraente ou cansativo exercício de ler ou estudar. São também encaminhadores de leitura no trabalho profissional e a necessidade de progredir nele; atendimento à exigência do meio social; progresso pessoal e melhoria do patrimônio cultural; satisfação de exigências intelectuais e necessidade espiritual, ainda conforme o mesmo autor.


São múltiplas, então, as causas da leitura ou as causas que respondem por sua necessidade no mundo moderno. Há causas práticas ou de interesses imediatos, assim como há causas nobres, profissionais ou intelectuais, esta última ocupando o primeiro plano. “O que não se aceita”, segundo o professor Leodegário A. de Azevedo Filho, “é a não leitura pelo homem moderno, que deve sempre estar informado culturalmente sobre o próprio contexto histórico. Ler é uma obrigação ou é um hábito, é um trabalho ou é um divertimento. Seja o que seja, é sempre uma forma de viver”. É uma forma de aproveitar o tempo; nunca de perdê-lo.

A verdadeira cultura exige o texto impresso, leitura de peso, de fôlego, linear, questionadora, de profundidade, muito mais do que o rádio e a televisão ou as discussões de esquinas podem oferecer. “Só o livro”, no dizer do velho filósofo Maciel do Rego, de Taiobeiras, “atende ao sentido completo da cultura. Jornal e revista” – diz ele – “têm respiração curta, ocupam quando muito os minutos, nunca dias inteiros como os livros, companheiros, às vezes, da eternidade do nosso pensamento”. Um bom livro é amigo para todos os períodos da vida, a força do conhecimento. Diz o professor Leodegário Azevedo Filho, que o poder mais poderoso é mesmo o da leitura, sobretudo porque não é transitório ou eventual como o poder da política ou o poder econômico. Passam governos, passam comandantes, passam tecnocratas, passam ricos argentáreis, mas, a cultura nunca passa. Ela é uma soma constante na história do mundo, acrescida de camadas como um enfeitado bolo de aniversário. Nunca se dirá que alguém que foi culto deixou de sê-lo, exatamente porque a cultura não é um bem que se perde como o dinheiro ou o mando, a legítima ou a falsa autoridade. Além disso, o progresso intelectual exige sempre atualização, permanência em todos os períodos da vida. Para uma pessoa de cultura, deixar de ler é tão grave como deixar de alimentar-se é a própria condição humana.



* Escritor, membro da Academia Montesclarenses de Letras.

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