quinta-feira, 27 de abril de 2017

Poema de saudade


* Por Pedro J. Bondaczuk


Verdes campos, vergéis floridos,
fontes, lagos e corredeiras
de Horizontina, de horizontes amplos
e de mágicas alvoradas de luz...
Minha terra, minha pátria, meu cantinho
particular e indestrutível no universo,
grande, que nem cabe no Planeta;
minúscula: cabe todinha num verso!

Gente minha, gente querida, gente que o tempo,
que a tudo e a todos devora, levou...
Vovô, com seu bigode enfático
e seu talento e sua fé.
Vovó, inesgotável fonte de ternura,
toda amor e irrestrita dedicação.
Gente minha, gente querida, gente
que nem o tempo deletério apagou,
consumiu ou modificou na dimensão
infinita e indevassável da memória...

Vastos trigais, ondulantes mares dourados,
apanágios, ícones, símbolos de recordações
onde a brisa sussurrava imortal melodia,
bárbara e misteriosa do meu sonho criança...
Manhãs mágicas, magníficos ocasos
noites de lua cheia repletas de fantasmas,
dias de primavera olorosos, floridos,
tardes cinzentas e geladas de inverno.
Calidoscópio onírico, estranha rutilância,
imagens, sensações, saudades, lembranças:
Horizontina imutável, cenário da minha infância.

Hortos dourados, verdes, suaves colinas.
das emoções especiais âmago e essência,
você, Nair, despertando instintos
adormecidos. Hortolândia da adolescência.
Emoções intensas e indescritíveis,
sonhos fagueiros. Doloroso despertar!
Confronto dramático com a realidade:
dor, frustração, amargura, pesar...
Hortolândia imutável: cenário da minha saudade.

(Poema composto em Santo André, em 5 de setembro de 1963).


* Jornalista, radialista e escritor. Trabalhou na Rádio Educadora de Campinas (atual Bandeirantes Campinas), em 1981 e 1982. Foi editor do Diário do Povo e do Correio Popular onde, entre outras funções, foi crítico de arte. Em equipe, ganhou o Prêmio Esso de 1997, no Correio Popular. Autor dos livros “Por uma nova utopia” (ensaios políticos) e “Quadros de Natal” (contos), além de “Lance Fatal” (contos), “Cronos & Narciso” (crônicas), “Antologia” – maio de 1991 a maio de 1996. Publicações da Academia Campinense de Letras nº 49 (edição comemorativa do 40º aniversário), página 74 e “Antologia” – maio de 1996 a maio de 2001. Publicações da Academia Campinense de Letras nº 53, página 54. Blog “O Escrevinhador” – http://pedrobondaczuk.blogspot.com. Twitter:@bondaczuk



Um comentário:

  1. Linguagem difícil para paixão fácil.
    Destaco:
    "grande, que nem cabe no Planeta;
    minúscula: cabe todinha num verso!"

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