quinta-feira, 8 de setembro de 2016

Grito privado


* Por Theóphilo de Amarante


Agora não grito!
A minha garganta cheira a romã
e a língua é uma casca grossa de maçã
que absorve a inquietação.

A minha boca é uma oficina gráfica
que reduz até o branco
o a-be-ce do estrondo.

Se soltasse um brado
este ecoaria no céu da boca
(como nas paredes da catedral o som perdura)
e seria mastigado pelos dentes
(como o desfiladeiro tortura o vento).

Se vozear mais forte que o critério
será para mim
grito privado.


* Poeta,

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