Da dor
* Por
Núbia Araujo Nonato do Amaral
Quando criança a dor
tem uma cor diferente, ela destoa, abre pequenas chagas que logo cicatrizam, se evaporam na proporção que crescemos. A dor
toma ares de vaga lembrança, uma sacudida de ombros espanta o banzo.
Adultos, a dor
incorpora-se, vira entidade, cresce, toma espaço, sufoca. Acompanhamos o
definhar de alguém que já foi teu, de alguém que te acenava com as mãos, mas
logo voltava...
Assistimos a vida se
esgotando, se esvaindo que nem água que desce pelo ralo cheia de sabão. Tocamos
um corpo que alheio ao beijo, ao abraço, se aninha no calor de um velho
cobertor.
O coração se
estraçalha diante de um quadro que é natural, nos cobrando a razão.
Deus... entender Vossos
desígnios, aceitar o curso da natureza com resignação, é o que nos resta. Permita-me
então ao abuso de Vos pedir misericórdia e serenidade para não desabar quando nossos
olhos cerrarem-se por completo. E que
assim seja...
* Poetisa, contista, cronista e colunista do
Literário
É quase impossível desapegar-se de pessoas que estão na nossa frente, mas que já se foram há tempos.
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