A menina...
* Por Eduardo Oliveira Freire
Correu para cama dos pais:
– É hoje que vão levar a Barbie ao
veterinário?
A mãe acordou primeiro, logo em seguida
o pai. O dia estava ensolarado e os passarinhos cantavam nas árvores balançadas
pelo vento.
Na copa, quando tomavam o café da
manhã:
– Querida, vi na tevê ontem sobre o
massacre de Ruanda.
– Na África?
– Me parece ser guerras de tribos.
Matam crianças e bebês...
– Que coisa horrível. Nem me conta,
porque passo até mal.
– Realmente... Que horas que tá marcado
com o veterinário?
– Às 10:00. Depois a gente deixa a
Carol na minha mãe.
– Certo. Vamos à festa do Zé e da
Marta?
– Sim. Eles são ótimos.
– Cadê a Carol?
– Tá com a Barbie no quintal.
Saíram de casa na hora prevista. Foram
ao veterinário e deixaram a cachorrinha poodle Barbie no consultório. Ela ia
ficar alguns dias internada.
– Mãe ela vai ficar bem?
– Vai sim.
– Vamos ao cinema amanhã.–. Disse o pai.
Alguns
dias se passaram. Barbie voltou contente e saltitante como sempre. O
veterinário disse que ela se recuperou muito bem. O marido diz para mulher: –
Eu não falei que ele era um puta profissional, foi o Fernando que o recomendou.
A família estava reunida contente na
sala. As pessoas que passavam perto escutavam risos e latidos de cachorro.
***
Semanas antes:
– Mãe!!!!
Carol foi ao encontro da mãe, que ficou
assustada com o desespero da filha.
– Um cachorro da rua tá batendo na
Barbie.
A mulher foi acordar o marido, que
pegou rapidamente um espeto de churrasco. Quando saíram da casa, viram que
o vira-lata estava montado na cadela de raça. O homem o ameaçou com o espeto de
churrasco, o cachorro saiu de cima da Barbie e avançou. Para se proteger, o
homem furou o olho do bicho, que conseguiu fugir pelo portão entreaberto
ganindo.
– Porra!!! Quem deixou esta porta
aberta, foi você Carol?
– É que eu queria ir na casa da Lúcia
com a Barbie. Quando abri o portão, o cachorro foi direto nela.
– Querido, ela está nervosa, passou.
– Desculpa filha, o pai está nervoso...
a poodle Barbie ficou prenhe:
– Querido, nem dando de presente, os
nossos amigos vão querer. Filhotes mestiços são desvalorizados.
– E depois o que a gente vai fazer com
monte de vira-latinha? Deus me livre! Vou arranjar de qualquer maneira uma
solução pra resolver essa rabuda...
- Então você vai resolver isso,
querido? Ótimo.
*
Eduardo Oliveira Freire é formado em Ciências Sociais
pela Universidade Federal Fluminense, está cursando Pós Graduação em Jornalismo Cultural
na Estácio de Sá e é aspirante a escritor
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